Em recente entrevista à rádio Ouro Negro FM, o líder comunitário Andro Gonçalves criticou o funcionamento do Orçamento Participativo (OP) em Alagoinhas, conduzido pela Superintendência Municipal de Participação Popular (SUPAPO). Segundo Gonçalves, o modelo atual restringe a participação efetiva da população e não atende às demandas previamente apresentadas pela comunidade.
Críticas ao modelo de escuta popular
Andro Gonçalves, representante da comunidade de Narandiba, expressou descontentamento com a atuação da SUPAPO, classificando-a como “dispensável”. Ele argumenta que as necessidades da comunidade já foram amplamente discutidas durante as reuniões do programa Falaê, que embasaram o plano de governo da atual gestão. “Se as comunidades já falaram o que querem no Falaê, pra que serve essa nova escuta?”, questionou Gonçalves.
A principal crítica recai sobre o formato das reuniões do OP, que, segundo Gonçalves, limitam a participação real da população. Ele destaca que a comunidade só pode escolher uma obra para entrar na Lei Orçamentária Anual, e mesmo essa escolha foi ignorada sob a justificativa de que não caberia no orçamento. “Isso reduz a participação a quase nada. O OP virou a peneira do Falaê”, declarou.
Durante a transmissão, o empresário e radialista Juscélio Carmo reforçou as críticas, defendendo que as associações de bairro já cumprem o papel de identificar e relatar as necessidades da população. Ele apontou dificuldades enfrentadas por líderes comunitários para serem atendidos pela Secretaria Municipal de Governo, afirmando que “falta escuta, falta acolhimento e sobra burocracia”.
Repercussão na sociedade civil
As declarações de Gonçalves e Carmo acenderam o debate sobre a efetividade das ferramentas de participação popular na gestão municipal de Alagoinhas. Parte da sociedade civil organizada demonstra descontentamento com os atuais canais de diálogo da Prefeitura, questionando a real influência das comunidades nas decisões governamentais.
Moradores de diferentes bairros relatam experiências semelhantes, em que propostas apresentadas durante as reuniões do OP não foram incorporadas ao orçamento municipal. Essa percepção de ineficácia gera desmotivação e descrença na participação popular como instrumento de transformação social.
Organizações não governamentais e movimentos sociais locais têm promovido debates e encontros para discutir alternativas que garantam uma escuta mais efetiva e a implementação das demandas comunitárias. A busca por maior transparência e comprometimento por parte do poder público é uma constante nas reivindicações desses grupos.
Posicionamento da gestão municipal
A Prefeitura de Alagoinhas, por meio da SUPAPO, tem promovido oficinas de planejamento participativo com o objetivo de qualificar o município para captar recursos e potencializar o desenvolvimento local. Essas iniciativas visam fortalecer a participação popular e integrar as demandas comunitárias ao planejamento municipal.
Em declarações anteriores, representantes da gestão municipal afirmaram o compromisso de transformar a participação popular em política pública real, garantindo que cada decisão tenha a marca do diálogo e da cidadania ativa.
Apesar das críticas, a administração municipal continua a implementar ações voltadas para o fortalecimento da participação cidadã, buscando aprimorar os mecanismos de escuta e integração das demandas da população ao planejamento e execução das políticas públicas.
Desafios e perspectivas futuras
A efetivação da participação popular em Alagoinhas enfrenta desafios relacionados à comunicação entre governo e sociedade civil, à transparência nos processos decisórios e à implementação das demandas apresentadas. Superar essas barreiras é fundamental para fortalecer a democracia participativa e promover o desenvolvimento sustentável do município.
A construção de um modelo de escuta mais inclusivo e eficaz requer o engajamento de todos os atores sociais, incluindo gestores públicos, líderes comunitários e cidadãos. A adoção de práticas que garantam a representatividade e a efetividade das decisões tomadas em conjunto é essencial para o sucesso das políticas públicas.
O fortalecimento dos canais de diálogo e a valorização da participação cidadã são caminhos promissores para a construção de uma gestão pública mais transparente, eficiente e alinhada às necessidades da população de Alagoinhas.