Festa bonita, sim. Forró animado, também. Mas se tem uma coisa que não dança é a responsabilidade pública. Montar o São João em pleno Carneirão pode até ser “ousadia que deu certo” para os mais animados — mas para os atentos, é um gol contra anunciado. Tapumes finos para saltos finos? Cobertura total sem respiro para o gramado? Isso não é inovação, é imprudência embalada em xote.
Enquanto o povo dança, há quem sorria nos bastidores — porque para festa, o orçamento aparece, a estrutura se multiplica e o discurso encanta. Mas e depois? Quem paga o gramado queimado? Quem responde pelos acidentes? E o futebol local, que já vive de migalhas, vai jogar no barro depois da quadrilha?
É preciso dizer: São João é cultura, é raiz, é povo. Mas festa bem feita não pode ser cortina para os buracos da cidade nem palanque para quem só aparece quando o som liga. Se o prefeito chama e chega, que chegue também para cuidar, planejar e responder. Porque do jeito que vai, a festa passa — e o rastro fica.
O Linhas de Fato tem foco nos acontecimentos e compromisso com o jornalismo sério e informativo.