Carlos Roberto Massa, o comunicador Ratinho, pai do governador do Paraná Ratinho Junior (PSD), tem sinalizado um discurso calcado na antipolarização, projetando as bases de uma eventual campanha presidencial do filho. Em entrevista à Jovem Pan, em maio, o apresentador defendeu um perfil de liderança “sem esquerda, sem direita”, criticou o fanatismo político e reiterou apoio a pautas bolsonaristas, como anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro
O discurso moderado e antipolarizante
Ratinho afirmou que o Brasil “precisa de alguém equilibrado, para tocar o país sem lado político” . Ao enfatizar que seu filho “não briga com deputado, juiz ou promotor”, pautou uma imagem de governo pragmático e sem atritos.
Para o apresentador, a polarização e o “fanatismo” são danosos à política brasileira — uma mensagem que ecoa a desejo por gestão harmônica, distante dos extremos.
Esse ajuste retórico sinaliza uma tentativa de angariar apoio de eleitores moderados, distantes de conflitos ideológicos intensos, propondo o “equilíbrio” como sinônimo de governabilidade.
Alinhamento com causas do bolsonarismo
Apesar do discurso moderado, Ratinho pai segue alinhado com pautas bolsonaristas. Ele defendeu em rede nacional a anistia dos presos do 8 de janeiro, classificando como “absurdo” manter alguém encarcerado por 14 anos sem considerar a acusação de terrorismo
O posicionamento segue o caminho traçado pelo filho, que já manifestou apoio à anistia — uma tentativa de preservar o eleitorado alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na área de segurança pública, ambos clamam por endurecimento das leis e criticam juízes que “soltam bandidos” — reforçando uma postura conservadora, apesar de tentarem suavizar o tom.
Estratégia eleitoral e influência midiática
O discurso antipolarizante vem em sintonia com a agenda política de Ratinho Junior, que busca projeção nacional para 2026 Ainda sem declaração formal de candidatura, aliados avaliam que o apresentador de TV pode embarcar na campanha — inclusive dando palanque às caravanas do filho.
Digitalmente, Ratinho conta com mais de 8 milhões de seguidores no Instagram, quase 10 vezes mais que o governador, oferecendo um alcance natural para divulgação de debates e discursos
Além disso, sua rede de rádio — 76 emissoras afiliadas ao SBT no Paraná — serve como base midiática valiosa em regiões importantes para a estratégia eleitoral de 2026.
Tensão entre discurso conciliador e origem ideológica
Embora pregue equilíbrio, Ratinho reconhece abertamente seu voto em Bolsonaro e critica a esquerda Esse contraste revela possível incoerência entre a retórica e posturas ideológicas.
O esforço em reduzir a militância partidária é interessante, mas sobra significado quando metáforas como “briga boba” são usadas sem propor alternativas ao sistema.
Caso a candidatura se efetive, será decisivo observar como Ratinho Junior tentará equilibrar essas tensões: conciliar moderadores sem alienar bolsonaristas pode não ser tarefa simples.
O discurso antipolarizante de Ratinho pai dá leveza ao projeto presidencial do filho, alinhando-se à busca por mediana política. Mas dissipar fanatismo enquanto mantém bandeiras conservadoras exigirá inteligência estratégica. A campanha, se vier, precisará provar que o “equilíbrio” não é fachada, e sim posicionamento genuíno — do contrário, corre risco de parecer rótulo vazio com cheiro ideológico forte demais.