Nem toda revolução começa no Congresso. Algumas começam num campo de barro, com a chuteira apertada, o coração acelerado e a arquibancada improvisada cheia de olhares curiosos. Foi assim neste domingo (30), no Mangalô, com a abertura da 3ª Copa Inovação Feminina de Futebol Amador de Alagoinhas. Um golaço de organização, resistência e protagonismo feminino.
Com apoio da Prefeitura e da Secet, a bola rolou bonito. E os placares falaram por si:
⚽ As Minas 5 x 2 Estrela do Campo
⚽ Solares 5 x 3 Wakanda
⚽ Xurupita 3 x 3 Elite
⚽ Cardeal da Silva 5 x 2 Arsenal
Mas o verdadeiro placar da rodada não está apenas nos números. Está na coragem das mulheres que entraram em campo. Está na ousadia de quem acredita que futebol também é lugar de mulher — e mais ainda, de mulher protagonista.
E é preciso dar nome aos responsáveis: Anderson Cabeça, presidente da Liga do Mangalô, tem sido um incansável articulador desse sonho coletivo. Ao lado de sua diretoria, mostra que futebol não é só lazer, é instrumento de afirmação, inclusão e pertencimento. Fazer uma Copa dessas acontecer por três edições consecutivas, em meio a tantos desafios, é mais que mérito — é insistência em nome da justiça esportiva.
A Copa Inovação não é só uma competição. É uma declaração de existência. Porque o futebol feminino ainda é invisibilizado, subfinanciado e, muitas vezes, tratado como apêndice do masculino. Mas no campo do Mangalô, as regras mudam: ali, o talento fala mais alto que o preconceito. E o grito da torcida é por igualdade.
Fábio Moraes, da Secet, também não ficou em cima do muro. Reconheceu a importância da ação, apontando que o futebol feminino ainda enfrenta barreiras — e é verdade. Mas eventos como esse não apenas quebram muros, derrubam muros. São sementes plantadas no campo da luta.
Que essa terceira edição não seja apenas mais uma. Que seja um marco. Porque quando a mulher entra em campo, a cidade inteira avança alguns metros rumo à dignidade.
E fica o pitaco: investir em futebol feminino é investir em cidadania. É reconhecer que o talento não tem gênero, mas tem endereço. E ele passou, neste domingo, por Alagoinhas, no Mangalô.
A Copa segue até o dia 27 de abril. Que venham mais jogos, mais gols, mais mulheres fazendo história — com chuteiras nos pés e autoestima no peito.