O Medo e o Sentido: Por Que a Educação Integral Exige Mais que Orçamento, Exige Alma

A discussão em Poções revelou que a Educação Integral está em uma encruzilhada: ou se consolida com alma e intencionalidade ou se perde na burocracia do “mais tempo.” O financiamento e a diretriz federal são o corpo, mas a intersetorialidade e a transformação docente são o espírito.
O maior desafio não é o aporte financeiro, mas o medo – o medo do professor de abandonar o paradigma fragmentado que o sustenta e o medo da gestão de enfrentar a complexidade que transcende o muro da escola. A resistência docente não é má-vontade; é, em grande parte, o resultado de uma formação universitária que falhou em prepará-los para um currículo vivo. A cobrança por mudanças rápidas sem o devido acolhimento, valorização de carreira e formação continuada robusta é a receita para a desmotivação e o fracasso da política.
Para que a Educação Integral seja, de fato, o motor de equidade que promete, é imperativo que a gestão pública abrace a humanização como método. Isso significa ir além de dar insumos e passar a acolher concepções. É preciso que as universidades reformulem seus currículos, que o sistema de avaliação se flexibilize e que a voz dos mestres griôs tenha o mesmo peso pedagógico da didática tradicional. Somente quando o educador se sentir sujeito valorizado dessa transformação, e não mero executor de uma normativa, a resistência se pacificará e o sonho da Educação Integral se tornará um direito vivenciado por todas as crianças.
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O 1º Encontro do Núcleo Intermunicipal da Micro Conquistense pela Educação Integral não foi apenas uma reunião de gestores, mas um fórum de consolidação de uma agenda que precisa ser mais do que uma lei federal. A ênfase na intersetorialidade, na humanização do espaço escolar e na transformação da prática docente no “chão da escola” sinaliza o caminho para garantir que a Educação Integral seja, de fato, uma política de Estado de superação das desigualdades e promoção da equidade social.