O ano de 2026, embora distante no calendário, já pulsa com a efervescência de um tabuleiro político em plena efervescência na Bahia. A busca pelo governo do estado revela uma complexa “dança” entre figuras proeminentes, onde antigas polarizações místicas em grupos que outrora eram adversários intransigentes agora demonstram uma junção ainda em processo de ajuste. Neste cenário de indefinições, cada liderança, em sua respectiva “tribo”, direciona seus movimentos contra o atual governo estadual, numa disputa velada e, por vezes, explícita. O jogo, que se desenrola nos bastidores e nas redes sociais, expõe as diversas facetas da ambição política e a busca incessante por um posicionamento estratégico que garanta a cadeira executiva máxima do estado. A Bahia, com sua rica e complexa dinâmica política, mais uma vez se torna palco de um intrincado duelo de estratégias e personalidades, onde a união de outrora adversários parece ser uma necessidade pragmática para a construção de uma alternativa de poder.
A percepção de que o tabuleiro político ainda se encontra em um estado de fluidez é generalizada. As alianças, que antes se desenhavam com maior clareza ideológica ou programática, hoje parecem mais calcadas em arranjos de conveniência e na busca por capital político individual. Essa plasticidade do cenário tem levado a movimentos inesperados, onde figuras que historicamente se opunham se veem compelidas a coabitar no mesmo espectro de oposição, embora nem sempre em perfeita harmonia. A ausência de uma unidade consolidada entre os grupos que buscam o poder tem permitido que ambições pessoais aflorem, e que cada pré-candidato tente pavimentar seu próprio caminho, ainda que sob a égide de um agrupamento maior. Essa dinâmica de “cada um na sua tribo disparando contra seu oponente” reflete uma fase de experimentação e posicionamento dentro de uma aliança que ainda não encontrou sua forma definitiva e seu principal condutor para o pleito.
A corrida pelo Palácio de Ondina, portanto, promete ser uma das mais observadas no país, não apenas pela sua importância geopolítica no Nordeste, mas pela complexidade das variáveis em jogo. A tensão entre a necessidade de união para enfrentar o grupo governista e a persistência das ambições individuais cria um clima de incerteza que se reflete na ausência de uma chapa definida para a oposição, e também nas disputas internas do próprio campo governista. Os próximos meses serão cruciais para a sedimentação das alianças, a definição dos papéis de cada figura política e a construção de narrativas que busquem cativar o eleitorado baiano, em um processo que se mostra tão multifacetado quanto a própria cultura do estado.
O Tabuleiro da Oposição: ACN e Seus Desafios de Unificação
No espectro da oposição ao atual governo, o grupo político que se alça sob a liderança de Antônio Carlos Neto (ACN) configura-se como um polo de atração para diversas figuras que almejam um espaço na futura gestão estadual. A percepção corrente nos bastidores é que a principal liderança em exercício desse conglomerado é hoje o atual prefeito da capital baiana, Bruno Reis. Com o comando da prefeitura de Salvador, Reis detém uma visibilidade e uma plataforma administrativa que o colocam em uma posição de destaque, sendo um dos nomes mais fortes na articulação da chapa que buscará a disputa pelo governo em 2026. Sua atuação na gestão municipal é observada como um termômetro de sua capacidade de mobilização e de sua projeção política para o futuro.

Entretanto, apesar da força de Bruno Reis, o grupo de ACN enfrenta desafios internos de coesão e de alinhamento de ambições. Lideranças importantes dentro desse aglomerado político demonstram um desejo de protagonismo que, por vezes, tensiona a busca por uma unidade. Marcelo Nilo, por exemplo, é uma figura que tem se movimentado constantemente para provar a ACN que ele seria o pré-candidato ideal para uma vaga no Senado Federal. Essa busca incessante por legitimação para a disputa senatorial indica uma corrida interna por espaços na chapa majoritária, onde cada peça se move de forma calculada para assegurar seu quinhão no arranjo final.

Outro nome que ilustra essa dinâmica de tensões e ambições é João Leão, que, segundo informações de bastidores, tem se dedicado incansavelmente à legitimação da candidatura de seu filho. O desejo de João Leão de se ver na cadeira de governador é evidente em suas comunicações e articulações, direcionando mensagens constantes aos seus eleitores e, simultaneamente, alfinetando o grupo de ACN para que ele assuma a posição de vice-presidente na chapa, abrindo assim o espaço para ele em ascensão ao posto máximo do Executivo estadual. Essa série de movimentos individuais, embora visando a fortalecer o grupo, paradoxalmente, revela as fissuras e os desafios que a coalizão de oposição precisa superar para se apresentar como um bloco coeso e unificado.

As Nuances da Direita e a Presença de João Roma
No espectro político da direita baiana, a figura de João Roma emerge com um papel peculiar dentro do cenário de 2026. Embora se tenha esbolçado uma “trégua de paz” com o grupo de ACN, informações que circulam nos bastidores indicam que Roma não abandonou suas próprias aspirações. Sua postura tem sido a de buscar, em todo o tempo, uma retomada do Partido Liberal (PL) e, consequentemente, uma reafirmação de sua liderança atrelada à figura do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse movimento é percebido como uma tentativa de Roma de criar uma luz no fim do túnel para seu desejo de ser o próximo governador da Bahia, utilizando a força política do PL e de seu principal líder nacional como alavanca para sua candidatura.

Ainda que João Roma declare publicamente que permanecerá junto ao grupo de ACN, as nuances de sua atuação sugerem uma estratégia que visa a fortalecer sua posição individual dentro da aliança. A busca pela retomada do PL na Bahia e a constante reafirmação de seu vínculo com Bolsonaro podem ser interpretadas como um caminho para garantir que sua voz tenha peso nas decisões da chapa de oposição, e que suas ambições para o Executivo não sejam preteridas. Essa dupla estratégia – de alinhamento e, ao mesmo tempo, de construção de um capital político próprio – adiciona uma camada de complexidade às negociações de união da oposição.
A presença de João Roma no tabuleiro político da Bahia é um lembrete da influência da política nacional nas disputas estaduais. A busca por um alinhamento com a principal liderança da direita brasileira pode ser um trunfo para mobilizar um eleitorado específico, mas também um fator que pode tensionar as relações com outros setores do agrupamento de ACN que buscam um perfil mais moderado. A maneira como essa convergência, ou divergência sutil, se dará até a definição final da chapa será crucial para o desenho das forças em campo.
O Pêndulo de José Ronaldo e o Peso de Feira de Santana
A figura de José Ronaldo de Carvalho adiciona um elemento de imprevisibilidade e considerável peso ao tabuleiro político baiano, especialmente no contexto da oposição. Sua atual posição como prefeito de Feira de Santana, a segunda maior cidade do estado, confere-lhe não apenas uma plataforma administrativa relevante, mas também um carinho e uma simpatia notáveis de diversos prefeitos da região. Essa influência sobre o municipalismo é um ativo político de grande valor, capaz de mobilizar apoios e votos em uma parcela significativa do eleitorado baiano, tornando-o um pivô na estratégia de alianças.

José Ronaldo é amplamente reconhecido como um líder político nato, com uma trajetória que já provou sua capacidade de arrastar eleitores e de influenciar o destino de pleitos. A percepção nos círculos políticos é que, para onde ele declarar seu apoio, os munícipes de Feira de Santana e de sua vasta região de influência o seguirão. Isso o posiciona, de acordo com análises internas, como a maior liderança na Bahia hoje para apoiar ACN no exercício de sua pretensão ao governo. Seu endosso é visto como um lastro eleitoral substancial, capaz de consolidar a chapa da oposição e ampliar seu alcance para além da capital.
No entanto, a expectativa em torno de José Ronaldo vem acompanhada de uma dose de incerteza. A questão de como se dará essa união com o grupo de ACN, depois de eventuais “decepções” ou desencontros políticos no passado, ainda não se sabe. Há um histórico de complexidades nas relações entre lideranças políticas na Bahia, e a superação de eventuais arestas será fundamental para que o apoio de José Ronaldo se materialize em sua plenitude e traga os benefícios eleitorais esperados para a chapa de oposição. Seu movimento, portanto, é um dos mais aguardados e decisivos para a conformação das forças em 2026.
As Complexas Negociações de ACN: Coronel, Otto Alencar e o Dilema do Governo
No intrincado xadrez político baiano, o grupo de ACN se encontra em meio a complexas negociações que envolvem figuras de peso como Coronel e Otto Alencar. Segundo informações que circulam nos bastidores, ACN estaria buscando atrair Coronel para sua esfera de influência, um movimento que, no entanto, acarretaria uma consequência imediata e significativa: a possível debandada de Otto Alencar, um dos maiores grupos políticos da Bahia hoje, caso Coronel venha a se juntar à oposição de ACN. Esse dilema estratégico reflete as dificuldades de unificar forças em um cenário de grandes egos e ambições individuais.

A análise de bastidores sugere que o problema central não reside meramente na vinda de Coronel ou na eventual saída de Otto. Há um comentário recorrente nos círculos políticos de que ambos os líderes não teriam problemas em se mover para o lado que lhes fosse mais conveniente, pois acreditam que, “para onde eles forem, não perdem a eleição” e não se submeteriam aos “desvaneios” do atual governador Jerônimo Rodrigues e às “atrapalhadas” do ministro Rui Costa. Essa percepção de autossuficiência política confere a eles um grande poder de barganha e complexifica as negociações, pois suas decisões são menos pautadas pela lealdade partidária e mais pela busca de um espaço de protagonismo e de vitória.

Contudo, a principal preocupação do grupo de ACN, segundo analistas, reside no fato de que, se Coronel e Otto vierem a compor a aliança de oposição, ACN, por uma série de fatores e cálculos políticos, poderia não ser o candidato a governador. Esse é o cerne do dilema que impede que o martelo seja batido nas negociações. A entrada de figuras tão fortes e com aspirações elevadas poderia reconfigurar a chapa majoritária de tal forma que ACN, mesmo sendo o líder do agrupamento, se veria forçado a ceder o posto de cabeça de chapa para um desses nomes, o que representa um custo político considerável e uma reavaliação de suas próprias ambições para 2026.
A Luta Interna do PT: Wagner, Rui, Jerônimo e a Influência Federal
O Partido dos Trabalhadores (PT) na Bahia, atualmente no poder estadual, também se encontra em meio a uma intensa disputa interna que moldará sua estratégia para 2026. A sigla tem em Jaques Wagner sua maior liderança histórica e de peso, mas análises de bastidores indicam que ele não se submete ao que alguns classificam como o “autoritarismo” do ministro Rui Costa, que foi seu “menino de recado” em seu governo estadual. Essa tensão entre figuras de proa do partido é um fator desestabilizador, dificultando a definição de um caminho unificado e gerando incerteza sobre os próximos passos da chapa governista.

O atual governador, Jerônimo Rodrigues, detém a prerrogativa constitucional de buscar sua reeleição, o que seria o curso natural para um mandatário no cargo. No entanto, a vontade de Jaques Wagner, de acordo com as informações que circulam, seria que o governador Jerônimo renunciasse à reeleição. Essa manobra teria como objetivo abrir caminho para Rui Costa assumir a candidatura ao governo, e, consequentemente, Coronel iria para o Senado, buscando assim evitar a perda do maior grupo político da Bahia hoje, liderado por Otto Alencar, que estaria ameaçado de debandar caso certas composições não se concretizem. Essa intrincada rede de interesses e possíveis consequências delineia um cenário de alta complexidade para o PT.

A dinâmica interna do PT é profundamente influenciada pelo cálculo de manutenção do poder e pela gestão das ambições individuais. A busca por uma chapa que minimize as perdas e maximize as chances de vitória leva a movimentos que podem parecer contraintuitivos para o observador externo. A resistência de Wagner em se submeter a Rui Costa, somada à necessidade de acomodar outros caciques políticos, torna a definição da chapa governista um verdadeiro cabo de guerra, onde a tradição partidária e a disciplina de grupo são postas à prova por ambições pessoais e pela busca por espaços de poder.
O Fator Geddel e a Interferência Federal: O Guru e o Presidente Lula
A aproximação de Geddel Vieira Lima no cenário político baiano, com a tentativa de suprir uma eventual debandada de Coronel, adiciona mais uma camada de complexidade às articulações do PT. Essa aproximação pode ser vista como uma manobra para compensar possíveis perdas de aliados, mas também pode ter um efeito reverso. A percepção em alguns setores do PT na Bahia é que a sigla perderá mais simpatizantes, lideranças e até mesmo filiados, pois Geddel é associado a um “partido conservador que não existe mais” e sua presença pode não se alinhar com a base mais progressista do PT. Essa é uma aposta arriscada que pode gerar mais desunião do que ganhos eleitorais.

Nesse contexto de disputas internas e alianças incertas, a sigla PT conta com seu “guru”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como uma espécie de mediador e, por vezes, definidor das estratégias. Acredita-se que a palavra final sobre a chapa majoritária e os rumos da campanha estadual será dele, dada sua enorme influência e capacidade de oferecer “ministérios e outras benfeitorias” em nível federal para acomodar insatisfações e alinhar os interesses. A capacidade de Lula de arbitrar essas disputas internas é vista como o principal trunfo para manter a coesão do grupo governista.
No entanto, o presidente Lula não pode “bater o martelo” nesse momento, pois uma decisão precipitada ou muito explícita de sua parte poderia espantar muitas lideranças. A vontade de Lula seria, segundo analistas, manter o “trio sangue puro” – Lula, Wagner, Rui e Jerônimo – para a disputa. A justificativa para essa composição seria a facilidade em convencer o povo em um discurso unilateral, evitando fricções e apresentando uma frente unida. Mas, para que essa aliança se concretize de forma harmoniosa e sustentável, é preciso aguardar 2026. Até lá, como se costuma dizer nos bastidores políticos, “muita água vai jorrar nesse rio chamado eleições 2026”, e o tabuleiro ainda pode sofrer diversas reviravoltas, com vídeos em redes sociais buscando convencer os eleitores sobre o “melhor candidato” em uma disputa que ainda está longe de ser definida.
A complexa trama política que se desenha para o governo da Bahia em 2026 revela um cenário de intensa movimentação e negociações de bastidores. As ambições individuais, as tensões internas nos grupos políticos e a influência de líderes nacionais tecem um panorama de indefinição, onde a cada minuto um vídeo novo busca moldar a percepção do eleitor. Contudo, é na “cabine eleitoral, na hora certa”, que o eleitor terá a prerrogativa de validar ou não esses arranjos, definindo o verdadeiro valor de seu voto e o futuro político do estado.