Hélio Liborio
Hélio Liborio

Fila, Descaso e Dor: A Saúde Pública de Alagoinhas em Colapso

Pacientes enfrentam longas filas, atendimento demorado e denúncias de mau tratamento no Dantas Bião e na UPA; população cobra mais respeito, estrutura e transparência do poder público.

Pacientes enfrentam longas filas, atendimento demorado e denúncias de mau tratamento no Dantas Bião e na UPA; população cobra mais respeito, estrutura e transparência do poder público.


Alagoinhas, cidade localizada no interior da Bahia, vive uma realidade preocupante quando o assunto é saúde pública. O Hospital Regional Dantas Bião, principal unidade de urgência e emergência da cidade, e a UPA 24h, destinada a atendimentos de emergência, são palco de longas filas, superlotação e, em alguns casos, denúncias de maus tratos por parte de profissionais de saúde. Para a população local, a espera por atendimento adequado tem se tornado uma experiência frustrante e, muitas vezes, dolorosa.


O Drama nas Filas do Dantas Bião

O Hospital Dantas Bião tem sido palco de denúncias recorrentes de demora excessiva no atendimento. Pacientes, muitas vezes em estado grave, se veem obrigados a aguardar por horas em filas de atendimento. A situação ficou ainda mais crítica recentemente, quando um paciente com fraturas expostas denunciou, em vídeo nas redes sociais, que estava aguardando atendimento desde as 7h da noite, sem ser socorrido. Segundo relatos, a espera só foi interrompida às 3h da madrugada, quando finalmente foi atendido.  

“Foi um sofrimento terrível. Ele estava com fraturas graves e ninguém me dava uma explicação. Fiquei desesperada”, relatou a acompanhante do paciente, que preferiu não se identificar. Casos como este têm se tornado cada vez mais comuns no hospital, o que levanta sérias questões sobre a qualidade do atendimento e a gestão das urgências médicas.

De acordo com moradores da cidade, a fila de espera muitas vezes ultrapassa as 3 horas, mesmo em casos considerados urgentes. “É um caos. Às vezes você fica esperando a noite toda, e os médicos atendem como se você não fosse importante”, desabafou um morador que preferiu manter o anonimato.


Denúncias de Mau Trato

Além da falta de estrutura, outro ponto crítico levantado pela população é o atendimento desrespeitoso por parte de alguns profissionais de saúde. Enfermeiros e técnicos de enfermagem têm sido acusados de atitudes ríspidas e, em alguns casos, de negligência no trato com os pacientes.  

“Já presenciei enfermeiros sendo agressivos com os pacientes, tratando as pessoas com impaciência e falta de empatia. Isso é inaceitável, principalmente em momentos tão delicados”, afirmou uma acompanhante de paciente que esteve na UPA recentemente.

A pressão sobre os profissionais de saúde também é um fator que contribui para esses comportamentos. A sobrecarga de trabalho, a falta de apoio psicológico e os baixos salários são fatores que têm sido apontados como causas para o estresse crescente no setor.


A Realidade nas Unidades Básicas de Saúde

A situação precária na prestação de serviços de saúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Alagoinhas tem gerado crescente preocupação entre os cidadãos da região. Na tarde de hoje (19), o vereador Luciano Almeida fez uma denúncia contundente sobre a falta de medicamentos e médicos nas UBS do município, agravando ainda mais a crise na saúde pública local.  

De acordo com o vereador Luciano Almeida, as UBS de Alagoinhas estão enfrentando um sério problema de carência de médicos, com unidades ficando mais de três meses sem profissionais de saúde para atender a população. Essa ausência tem sobrecarregado ainda mais o sistema de saúde local, aumentando as filas de espera e agravando o sofrimento dos pacientes que dependem dos serviços oferecidos pela UBS.  

Além da falta de médicos, a denúncia feita pelo vereador Luciano Almeida também destacou a escassez de materiais básicos e medicamentos nas UBS de Alagoinhas. Pacientes que buscam tratamento nas unidades têm relatado dificuldades para encontrar os medicamentos necessários para seus tratamentos, o que coloca em risco a saúde de muitos munícipes que dependem desses serviços para manter sua qualidade de vida.  


Obras Inacabadas e Infraestrutura Deficiente

Obras abandonadas, 30% do município sem cobertura da atenção básica de saúde, ausência de unidades para atendimentos emergenciais na rede municipal, maternidade com carência de melhorias no atendimento e prédios com problemas de infraestrutura. Este é o cenário da saúde em Alagoinhas, município localizado a 125 km de distância de Salvador.

Com 85% da obra concluída, a UPA Barreiro foi abandonada. Portas e telhados foram roubados. O prédio está depredado, tomado por infiltrações e lixo. Estimada no valor de R$ 1,4 milhão, a intervenção deveria ser entregue à população em dezembro do ano passado. Já a UPA Santa Terezinha segue em obra.

Outro problema é o serviço de atenção básica, considerado a porta de entrada dos usuários no sistema de saúde. Mas em Alagoinhas esta porta está fechada para 30% da população. A meta estipulada no Planejamento Estratégico Municipal era finalizar 2019 com 83% de abrangência, isto é, 13% a mais da realidade atual (70%).


Manifestações e Protestos dos Profissionais de Saúde

Profissionais de enfermagem que atuam no Hospital Materno Infantil de Alagoinhas, no nordeste do estado, realizaram, nesta segunda-feira (23), uma manifestação contra a prefeitura do município para cobrar melhores condições de trabalho na unidade.

Os manifestantes reclamam de questões relacionadas à infraestrutura da unidade, falta de materiais e de investimentos em contratação de pessoal. Os profissionais ainda denunciaram supostas ameaças de serem impedidos de retornar ao trabalho caso continuassem com o protesto.  

No mês de julho, uma paciente foi a óbito depois de sofrer uma hemorragia intensa após o parto e não receber a medicação necessária. De acordo com relatos da família, a mulher deu entrada na unidade de saúde e não recebeu o atendimento necessário. Ela sofreu uma hemorragia intensa após o parto e não resistiu. Os médicos diagnosticaram a necessidade urgente de uma medicação específica para conter o sangramento e estabilizar a paciente, porém o medicamento não estava disponível na maternidade.  


A Situação do SAMU em Alagoinhas

Funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoinhas entraram em contato com o Acorda Cidade a fim de cobrar um posicionamento da administração municipal, referente ao atraso de salários e às condições de trabalho que, segundo eles denunciaram, são precárias. Além disso, eles reclamam da falta de manutenção de ambulâncias e de materiais para atendimentos no município.  

Um profissional que não quis se identificar conversou com a reportagem. Segundo ele, os trabalhadores receberam neste mês o pagamento referente a novembro. Diversos pedidos de regularização do salário já foram feitos diretamente à Secretaria de Saúde de Alagoinhas, responsável pela administração do Serviço, mas nada foi feito.  

Além do pagamento em atraso, o trabalhador ainda destacou as condições precárias das ambulâncias, da falta de materiais para realizar os atendimentos e de manutenção na central de regulação. Ele aproveitou para pedir que os problemas apontados pela equipe de profissionais sejam atendidos.  


Investimentos e Promessas: A Realidade Contrasta com o Discurso

A secretária da Saúde do Estado da Bahia, Roberta Santana, esteve em Alagoinhas nesta segunda-feira (30) para realizar duas entregas importantes para reforçar a rede de atenção primária do município: uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS) e uma ambulância tipo van.

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