
No olhar crítico do Pitaco, a iminente chegada de Carlo Ancelotti ao comando da Seleção Brasileira é, ao mesmo tempo, um sopro de esperança e um sintoma das mazelas que o futebol nacional insiste em não curar. A aposta em um técnico estrangeiro evidencia não apenas a estatura do treinador, mas também a ausência de um projeto sólido e contínuo no Brasil, capaz de formar líderes à altura de seu prestígio histórico.
É como se, a cada novo fracasso, buscássemos uma solução mágica, importada, que nos redimisse perante o mundo. Ancelotti não é o problema — ao contrário, talvez seja o antídoto mais respeitável que o futebol brasileiro poderia encontrar neste momento de crise. Mas é impossível ignorar o fato de que essa solução nasce da desesperança em nossos próprios caminhos.
Talvez o sucesso — se vier — seja uma vitória que custará caro: a confirmação de que precisamos olhar mais para fora do que para dentro para sermos, novamente, gigantes. Resta torcer para que Ancelotti, com sua serenidade e competência, nos ajude a reencontrar o caminho perdido, sem que, para isso, precisemos abandonar de vez a nossa identidade.
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