O cenário político equatoriano, marcado por um segundo turno acirrado entre candidatos da direita e da esquerda, reacende um debate urgente para toda a América Latina: os impactos nocivos da polarização política nas democracias da região. Em meio ao empate técnico registrado nas pesquisas, observa-se o avanço de uma lógica de confronto que vem substituindo o diálogo e o debate de propostas.
No Brasil, a experiência recente com o radicalismo político ainda deixa feridas abertas. A cada novo ciclo eleitoral, a polarização transforma cidadãos em torcedores, endurecendo os extremos e enfraquecendo o centro democrático. A convivência política se torna inviável, e os projetos de nação se dissolvem em discursos inflamados que visam apenas a manutenção do poder.
Especialistas alertam que a polarização não fortalece a democracia – ao contrário, ela a deforma. O eleitor deixa de avaliar os candidatos por suas propostas e histórico, passando a apoiá-los incondicionalmente com base em afetos ideológicos ou repulsa ao “inimigo”.
Diante da disputa no Equador e das movimentações políticas no Brasil, torna-se cada vez mais urgente um chamado ao senso crítico da população. É necessário enxergar além da superfície das narrativas e compreender que democracia se faz com pluralidade, respeito, lucidez e responsabilidade.