Hélio Liborio
Hélio Liborio

Pitaco

O Efeito Dominó da Polarização

Português

É um efeito dominó – e talvez o mais corrosivo dos últimos tempos. Enquanto os povos da América Latina avançam nas urnas, como no caso do Equador, onde direita e esquerda travam uma disputa em empate técnico, cabe à sociedade brasileira não repetir velhos vícios: o da cegueira voluntária diante da polarização política.

Aos que ainda possuem a capacidade de reflexão crítica, cabe um exercício: observar atentamente os protagonistas que se lançam ao direito de representar o povo. Nem todo nome posto à disposição está a serviço do bem comum; muitos são apenas fachadas de projetos pessoais ou de grupos que não querem servir, mas se servir.

A polarização, que já destruiu pontes e instaurou trincheiras no Brasil, agora se alastra pela América Latina, corroendo o debate e transformando o eleitor em espectador de uma guerra de narrativas, e não de ideias. Onde há extremismo, não há espaço para democracia plural. Onde há idolatria cega, não há povo consciente – há massa manipulada.

É preciso resistir a esse modelo binário, que empobrece o pensamento e paralisa o progresso. A democracia não amadurece sob gritos, mas sob escuta. E enquanto seguimos acompanhando o segundo turno no Equador, que a experiência alheia sirva de alerta: a polarização não é promissora à democracia – ela a paralisa, a desgasta e, muitas vezes, a corrompe.

Cabe ao povo, sempre ele, não ceder ao conforto da alienação. Que 2026 não seja um repeteco da caverna ideológica em que muitos ainda insistem em habitar. Que possamos, enfim, romper os ciclos viciosos com pensamento crítico, coragem e a firmeza de quem não aceita ser conduzido, mas escolhe o caminho com lucidez e responsabilidade.

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