É louvável ver um prefeito com agenda cheia em Brasília, correndo de gabinete em gabinete, tentando assegurar recursos milionários para Alagoinhas. Em tempos de vacas magras e cofres apertados, não é todo gestor que se dispõe a “bater na porta” de senadores e deputados em busca de emendas. Gustavo Carmo está certo em buscar os R$ 135 milhões do PAC. O que está em jogo são obras estruturantes, como macrodrenagem, unidades de saúde, mobilidade e educação. Isso é inegavelmente necessário.
Mas não basta aparecer na foto com os figurões do Congresso. É preciso representar o povo naquilo que mais dói no cotidiano: a falta de oportunidade, de emprego, de renda. Porque quem está na ponta, no bairro, no ponto de ônibus ou na feira, quer saber quando aquele investimento vira dignidade no prato, salário no bolso e estabilidade em casa.
A narrativa técnica é bonita: há projetos, secretarias envolvidas, estudos da Defesa Civil e todo um esforço intersetorial. Mas onde estão os compromissos públicos com a inclusão produtiva da juventude, com políticas reais de geração de emprego e renda? O PAC pode – e deve – pavimentar ruas, reformar escolas e renovar frota, mas o que pavimenta mesmo o futuro de uma cidade é quando o seu povo se vê incluído nos resultados da política.
Alagoinhas precisa, sim, dos recursos federais. Mas mais ainda, precisa que a política deixe de ser um jogo de vaidades e comece a garantir que cada centavo investido gere mais do que concreto: gere perspectiva. Porque o povo não se alimenta de projetos protocolados — se alimenta de oportunidades concretas.
Então que Gustavo Carmo vá a Brasília quantas vezes quiser. O importante é que volte com algo que faça a diferença na vida real das pessoas. Afinal, política de verdade não é só para inglês ver ou para foto em rede social: é para transformar o cotidiano de quem sustenta a cidade com seu suor — e sem sair do lugar.