Em Alagoinhas, quando é para cobrar taxas, a autarquia SAAE demonstra competência exemplar: chega pontualmente com seus boletos, seus avisos e sua eficiência administrativa. Mas quando o assunto é garantir água nas torneiras da população, especialmente das comunidades mais periféricas, o silêncio é profundo — e o reservatório, seco.
Narandiba, Colina do Sol, Pedra de Cima e Pedra de Baixo são nomes que, neste momento, deveriam estar estampados na mesa da diretoria do SAAE — não por um favor, mas por um direito negado. Mais uma vez, esses bairros enfrentam a rotina do absurdo: interrupção constante no fornecimento de água, sem aviso, sem planejamento, sem respeito.
Não se trata de um problema pontual. Trata-se de uma falha sistemática que revela a ausência de investimentos sérios na infraestrutura de abastecimento. Cavar novos poços, renovar bombas, modernizar sistemas e garantir manutenção preventiva não são favores: são obrigações.
Alagoinhas carrega o título de “cidade industrial”, mas na prática, parece viver de improvisos quando o assunto é água — o bem mais básico. Não se pode faltar água numa cidade desse porte. Não em 2025. Não sob justificativas genéricas e recorrentes.
Pior: nem uma nota oficial. Nem uma explicação. O SAAE, que se mostra tão eficaz na cobrança, se esconde no momento da resposta. Como justificar a repetição do mesmo problema em menos de 48 horas? Como manter um povo na seca e na espera?
Água é dignidade. Água é vida. E não pode ser tratada com a indiferença que hoje se vê. Os moradores exigem — e têm todo o direito de exigir — soluções definitivas. Porque a paciência também tem data de validade. E, ao que tudo indica, está no fim.