Hélio Liborio
Hélio Liborio

Pitaco

A tarifa sobe, o serviço desce: o milagre do transporte público em Alagoinhas

Português

Se tem algo que nunca decepciona é a capacidade do transporte público de surpreender o usuário, mas sempre pelo lado errado. O recente aumento da tarifa de ônibus em Alagoinhas veio como um tapa na cara do trabalhador, daquele tipo que não só arde, mas ainda deixa uma cicatriz no orçamento. A cidade, já combalida por dificuldades econômicas, agora tem que lidar com um reajuste que pesa mais no bolso do que passageiro em ônibus lotado na hora do rush.
Nas redes sociais, a revolta explodiu como motor de ônibus mal revisado. Reclamações pipocaram, memes foram criados e a pergunta que não quer calar é: aumentar o preço pra quê, se o serviço continua com a mesma qualidade duvidosa? Alagoinhas não ganhou um metrô de presente, tampouco os ônibus se transformaram em espaçosos tapetes voadores. A polêmica acendeu a discussão sobre transparência na gestão pública e a eterna desconfiança sobre a real necessidade de certos aumentos.
Passageiros: pagando mais para sofrer igual
Entre os mais indignados estão aqueles que dependem do transporte público para tudo, desde chegar ao trabalho até cumprir o ritual de ser prensado entre um cobrador e um estudante com mochila tamanho industrial. Dona Maria, moradora do bairro [Nome do Bairro], está inconformada. “Já é um sufoco pegar esse ônibus, e agora tão cobrando ainda mais caro pra gente continuar sofrendo? É piada!”, desabafa.
João, estudante da Universidade [Nome da Universidade], também não está nada contente. “Com a inflação do jeito que está, fica difícil continuar usando o transporte público. Talvez eu tenha que arrumar uma bicicleta ou aprender a teletransportar”, ironiza.
Além do aumento, outro ponto que irritou a população foi a falta de um debate público antes da decisão. A passagem subiu no silêncio, sem consulta, sem aviso, sem nada. Se houvesse uma audiência, ao menos daria para a população soltar aquele tradicional “eu não aceito, mas já sabia que iam fazer de qualquer jeito”.
A justificativa oficial: combustível, peças e aquele discurso de sempre
A prefeitura, por sua vez, se apressou a justificar o reajuste, apontando o aumento no preço do combustível, das peças de reposição e dos salários dos trabalhadores do setor. Segundo o comunicado oficial, o reajuste foi baseado em estudos técnicos e é essencial para garantir a continuidade dos serviços.
Promessas foram feitas. Novas linhas, modernização da frota, melhoria dos terminais… quem ouve até pensa que logo menos os passageiros estarão sendo transportados em poltronas reclináveis com ar-condicionado. Mas a população, calejada por aumentos anteriores que nunca se traduziram em melhorias visíveis, está cética. Muitos exigem a publicação detalhada dos tais estudos que justificaram o aumento, até porque ninguém quer pagar mais caro por um serviço que continua digno de um safári urbano.
O transporte público é um direito básico, e não uma roleta-russa onde o preço sobe e a qualidade desce. Se a prefeitura quer convencer o povo da necessidade do aumento, deveria primeiro garantir que, pelo menos, o básico funcione: ônibus pontuais, confortáveis e seguros. Caso contrário, os passageiros vão continuar pagando mais para seguir a bordo da mesma velha carroça. E, nesse cenário, o único que chega no horário é o prejuízo.

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