Hélio Liborio
Hélio Liborio

Pitaco

Lula na Bahia: Entre a Euforia e a Realidade

Português

A recente visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Bahia, cercada por um grande aparato de segurança e intensa cobertura midiática, reacendeu debates sobre seu impacto real no estado. Enquanto uns celebram a presença do petista como um gesto de atenção do governo federal, outros veem na visita um espetáculo bem ensaiado, mas desconectado da dura realidade econômica que assola a Bahia e outras regiões do país. Entre discursos inflamados e sorrisos para as câmeras, a análise crítica se faz necessária: houve, de fato, ganhos concretos para a população ou apenas mais uma encenação política?
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Economia local: um impulso fugaz
A movimentação gerada pela visita teve reflexos imediatos – hotéis cheios, restaurantes lotados, ambulantes vendendo de tudo um pouco. Para o comércio, um alívio momentâneo. Mas foi só isso: momentâneo. A economia baiana, mergulhada em desafios estruturais, não se transforma da noite para o dia com discursos e tapinhas nas costas.
Apesar do entusiasmo de alguns comerciantes, a realidade não perdoa: a crise persiste. O desemprego continua alto, a inflação corrói o poder de compra e a desigualdade social segue firme, indiferente a comícios e slogans. O que se esperava era um anúncio robusto de investimentos, mas o que se viu foram promessas vagas e declarações otimistas sem cronograma definido.
Para economistas e analistas políticos, a visita teve mais peso eleitoral do que econômico. A falta de medidas concretas para reverter a estagnação financeira do estado evidenciou uma desconexão entre a narrativa otimista e a realidade que se impõe nas ruas.
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O que ficou de fora do roteiro presidencial?
Se a intenção era reforçar o compromisso com a Bahia, algumas omissões foram gritantes. O estado enfrenta déficits históricos em infraestrutura, saúde e educação – desafios que exigem mais do que discursos bem ensaiados. Durante a visita, pouco (ou quase nada) se falou sobre o agravamento desses problemas.
A seca, por exemplo, que há anos castiga a agricultura e empobrece o interior baiano, recebeu menções superficiais. Houve promessas de apoio ao setor agrícola, mas sem detalhamento de ações ou prazos. A população, calejada por promessas repetidas, já sabe que sem plano concreto, nada sai do papel.
O governo federal tem um papel fundamental na redução das desigualdades regionais e no desenvolvimento do estado, mas essa responsabilidade não pode se limitar a visitas estratégicas e discursos motivacionais. O que a Bahia precisa são investimentos reais, obras estruturantes e políticas públicas eficazes – e tudo isso passa longe de eventos midiáticos.

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