Hélio Liborio
Hélio Liborio

Haddad critica BC: “Sabedoria” na Selic para evitar recessão

Haddad critica Selic do BC, vendo-a como "sábia" para evitar recessão.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar a política monetária do Banco Central (BC), desta vez questionando a eficácia da manutenção da taxa Selic em patamar elevado para conter a inflação e evitar uma recessão. Para Haddad, a estratégia, embora justificada pelo BC como uma medida de “sabedoria”, apresenta incertezas quanto aos seus resultados e potenciais impactos negativos na economia. A divergência entre o governo e o BC sobre a condução da política monetária permanece um ponto de tensão no cenário econômico brasileiro.

Haddad vê política monetária restritiva

O ministro da Fazenda argumentou que a política monetária atual, com a Selic em 13,75% ao ano, é excessivamente restritiva para a conjuntura econômica brasileira. Ele destacou que a taxa de juros elevada impacta diretamente o custo do crédito, encarecendo investimentos e afetando o crescimento econômico. Haddad reiterou a sua preocupação com o impacto negativo sobre a atividade produtiva, especialmente em setores sensíveis à taxa de juros.

Para o ministro, a manutenção de uma taxa Selic tão alta pode levar a uma contração econômica mais profunda do que o necessário para controlar a inflação. Ele defendeu a necessidade de um equilíbrio entre o controle dos preços e a promoção do crescimento econômico, sugerindo que o BC deveria considerar uma flexibilização gradual da política monetária. Haddad lembrou que o próprio BC já havia projetado uma queda da inflação para os próximos meses.

O ministro reforçou a necessidade de se avaliar os impactos da política monetária restritiva sobre os diversos setores da economia. Ele apontou a importância de se considerar os efeitos sobre o emprego, o investimento e o consumo, buscando um caminho que promova a estabilidade de preços sem sacrificar o crescimento econômico. A análise, segundo Haddad, precisa ser mais ampla e contemplar os diferentes cenários econômicos.

Mas questiona impacto na inflação

Haddad questionou a efetividade da alta taxa de juros na contenção da inflação, argumentando que outros fatores, como a política de preços de commodities e a taxa de câmbio, também influenciam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele apontou que a inflação já vinha desacelerando antes mesmo do aumento significativo da Selic, sugerindo que a influência da política monetária no processo de queda dos preços seria menor do que o estimado pelo BC. O ministro também mencionou a necessidade de medidas complementares para controlar a inflação, além do aumento da taxa de juros.

Embora reconheça a importância da estabilidade de preços, Haddad ponderou que a estratégia do BC precisa ser revista. Ele argumentou que o impacto negativo da alta taxa de juros sobre a atividade econômica pode, paradoxalmente, alimentar a inflação, por meio da redução da renda e do consumo. Essa visão, porém, difere da análise do Banco Central, que mantém a sua postura de cautela em relação à redução dos juros.

O ministro defendeu uma análise mais criteriosa dos dados econômicos e uma maior transparência na comunicação do BC sobre as suas decisões. Para ele, a falta de clareza e a ausência de uma comunicação mais efetiva dificultam a compreensão das estratégias e dos objetivos da política monetária, gerando incertezas no mercado e prejudicando a tomada de decisões por parte dos agentes econômicos. Ele espera que o debate público ajude a esclarecer os pontos de divergência e a construir um consenso sobre o melhor caminho para a estabilidade econômica.

A divergência entre o governo e o Banco Central sobre a condução da política monetária permanece um tema central no debate econômico brasileiro. A discussão sobre os impactos da Selic e a busca por um equilíbrio entre estabilidade de preços e crescimento econômico prometem continuar marcando as próximas decisões e declarações de ambos os lados.

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