Governo Lula enfrenta resistência no Congresso sobre aumento do IOF

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca apoio de líderes parlamentares para evitar revogação de decreto que eleva o IOF, medida criticada por empresários e parlamentares.

O governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, anunciou recentemente um decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em diversas transações. A medida visa reforçar a arrecadação e equilibrar as contas públicas. No entanto, a iniciativa enfrenta forte oposição no Congresso Nacional e entre setores empresariais, levando o ministro Fernando Haddad a buscar diálogo com líderes parlamentares para evitar a derrubada do decreto.


Contexto e objetivos do aumento do IOF

O decreto que eleva o IOF foi apresentado pelo governo como parte de um esforço para aumentar a arrecadação e garantir o equilíbrio fiscal. Segundo o Ministério da Fazenda, a medida é necessária para manter programas sociais e investimentos estratégicos. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que a revogação do aumento do IOF equivaleria à extinção de programas como o Minha Casa, Minha Vida e investimentos na área de Defesa .

A proposta prevê a elevação do IOF em operações de crédito, câmbio e seguros, afetando tanto pessoas físicas quanto jurídicas. A expectativa do governo é que a medida gere uma arrecadação adicional significativa, contribuindo para o cumprimento das metas fiscais estabelecidas. No entanto, a falta de diálogo prévio com o Congresso e setores afetados gerou críticas e resistência.

Em resposta às críticas, o ministro Haddad afirmou que o governo está aberto a discutir ajustes na medida e que não há problema em corrigir a rota, caso necessário . A declaração indica disposição para negociar com o Legislativo e buscar alternativas que atendam às necessidades fiscais sem prejudicar setores produtivos.


Reações no Congresso Nacional

A proposta de aumento do IOF encontrou forte resistência no Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou o decreto como “infeliz” e afirmou que o clima na Câmara é favorável à sua derrubada . Motta também destacou que o governo tem um prazo de 10 dias para apresentar uma nova proposta que seja mais equilibrada e consistente

No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) também expressou preocupação com a medida, acusando o governo de tentar usurpar o poder do Legislativo ao editar o decreto sem consultar o Congresso . A crítica reflete o descontentamento com a forma como a proposta foi apresentada, sem diálogo prévio com os parlamentares.

Diante da pressão, o ministro Haddad se reuniu com os presidentes da Câmara e do Senado para discutir possíveis alterações no decreto e evitar sua revogação . As negociações indicam uma tentativa do governo de construir consenso e ajustar a medida para atender às demandas do Congresso.


Repercussão entre empresários e sociedade civil

A elevação do IOF também gerou críticas entre empresários e representantes da sociedade civil. Sete confederações e associações empresariais divulgaram um manifesto pedindo ao Congresso a revogação do decreto, argumentando que a medida aumenta a carga tributária e prejudica o ambiente de negócios no país .

As entidades afirmam que o aumento do IOF encarece o crédito para empreendimentos produtivos, elevando os custos das operações de financiamento e dificultando o crescimento econômico. Além disso, destacam que a medida foi tomada sem consulta prévia aos setores afetados, gerando insegurança jurídica e imprevisibilidade.

A pressão dos empresários sobre o Congresso reforça a necessidade de diálogo e negociação por parte do governo. A busca por alternativas que equilibrem a necessidade de arrecadação com a manutenção de um ambiente favorável aos negócios é essencial para garantir a estabilidade econômica e política.


Possíveis ajustes e alternativas em discussão

Diante da resistência, o governo sinalizou disposição para revisar pontos específicos do decreto que elevou o IOF. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que a equipe econômica está aberta a discutir alternativas para itens isolados da medida, buscando atender às demandas do Congresso e dos setores afetados .

Uma das possibilidades em discussão é a manutenção do aumento do IOF apenas para o ano de 2025, com a negociação de alternativas para 2026 . A proposta visa atender às necessidades fiscais imediatas do governo, enquanto se busca uma solução mais duradoura e equilibrada para os anos seguintes.

Além disso, o governo estuda a possibilidade de utilizar recursos de fundos privados para reduzir o congelamento de despesas e compensar o recuo no IOF, buscando alternativas que minimizem os impactos negativos sobre a economia e a sociedade .


A proposta de aumento do IOF apresentada pelo governo federal enfrenta resistência significativa no Congresso Nacional e entre setores empresariais. A disposição do governo para dialogar e ajustar a medida indica uma tentativa de construir consenso e atender às demandas dos diversos atores envolvidos. A busca por alternativas que equilibrem a necessidade de arrecadação com a manutenção de um ambiente favorável aos negócios será essencial para garantir a estabilidade econômica e política do país.