Picture of Hélio Liborio
Hélio Liborio

Desfile de 7 de Setembro em Alagoinhas é Marcado por Celebração Popular e Inusitado Silêncio Institucional

O tradicional desfile cívico de 7 de setembro em Alagoinhas, Bahia, foi mais uma vez um evento de grande apelo popular, com a presença maciça da população, que desafiou a leve chuva para acompanhar as celebrações. No entanto, a euforia das apresentações culturais e militares foi atravessada por um fato atípico e de notável repercussão política: a ausência de um registro da fala institucional do presidente da Câmara Municipal, José Cleto, que teve seu discurso suprimido da programação oficial.

A Festa Cívica e a Resiliência Popular

O 7 de setembro de 2025 em Alagoinhas reafirmou a tradição da cidade em celebrar a Independência do Brasil com fervor e participação popular. Apesar de uma leve chuva que marcou a manhã de domingo, a população se fez presente em grande número, lotando a Praça da Bandeira para o ato cívico de hasteamento dos símbolos nacionais. A resiliência do povo alagoinhense diante do clima demonstra o forte enraizamento do evento no calendário da cidade, sendo mais do que um feriado, mas uma verdadeira manifestação de identidade cívica. O entusiasmo foi palpável, com famílias inteiras se dirigindo ao centro para acompanhar o início do desfile, demonstrando o caráter democrático e acessível da celebração que reúne pessoas de todas as partes do município.

O desfile, que se seguiu ao ato solene, transformou as ruas da cidade em um palco de celebração e demonstração de civismo. O público, misturado em uma verdadeira massa humana, observou com atenção e euforia as apresentações das diversas instituições. A presença da 6ª Região do Exército Brasileiro, do 19º Batalhão de Corpo de Bombeiros e do 4º Batalhão de Polícia Militar conferiu um tom de formalidade e ordem à celebração, lembrando a importância das instituições de Estado na manutenção da ordem e da segurança. A participação de grupos civis, como a Guarda Civil Municipal e os Clubes de Desbravadores e Aventureiros, reforçou a ideia de que o civismo é uma construção coletiva, que envolve não apenas as forças de segurança, mas também a participação organizada da sociedade.

O trajeto do desfile, que seguiu em direção à Praça J.J. Seabra, foi marcado pela contínua presença do público, que se concentrou em volta do palco principal para não perder nenhum detalhe. O evento se configurou como uma grande festa popular, onde a formalidade inicial cedeu espaço à exuberância das fanfarras e das apresentações culturais. A atmosfera festiva, impulsionada pelas performances que uniam música, dança e história, foi o verdadeiro motor do desfile, mantendo a atenção e a euforia da multidão do início ao fim.


O Discurso Político e a Reação do Público

O pronunciamento do prefeito Gustavo Carmo na Praça da Bandeira foi, como esperado, o ponto alto da programação cívica. Em seu discurso, o gestor enfatizou o patriotismo e fez referência à importância de sua administração, mencionando a realização de feitos que, segundo o próprio texto, ainda estão em processo de concretização. O discurso do prefeito, portanto, mesclou o patriotismo com a agenda política de sua gestão, buscando legitimar suas ações e reforçar sua imagem perante a população. A menção a temas sensíveis, como “Taxação e a Tranp”, é um indicativo de que o discurso foi pensado para se conectar com as preocupações mais imediatas da população, em uma tentativa de gerar identificação e apoio.

Apesar da clara intenção do prefeito de imprimir um tom político a sua fala, a recepção do público foi notavelmente morna. O texto sugere que o discurso “visivelmente não teve tanto impacto” e “passou despercebido”, indicando um desinteresse da população pelo conteúdo político em detrimento das apresentações. Essa reação pode ser um sinal de que o público, naquele momento, buscava mais a festa e a celebração cultural do que as mensagens políticas, ou, ainda mais profundamente, que a conexão do prefeito com o “povão” ainda não é sólida o suficiente para que seu discurso gere a euforia desejada. A discrepância entre a intenção do orador e a reação da audiência é um ponto crucial de observação.

O contraste entre a fala do prefeito e a vibração popular é o que define o clima político do evento. O texto afirma com convicção que o público “vibrou mesmo foi quando as escolas passavam”, demonstrando que a verdadeira conexão estava com a cultura local, com a dedicação e o esforço de seis meses de treino das fanfarras, escolas e grupos. Esse fato sugere que a força política em Alagoinhas não reside apenas nos palanques oficiais, mas na capacidade de mobilizar e engajar o cidadão comum, algo que as instituições educacionais e culturais parecem dominar com maestria, ao contrário de certos discursos políticos. O evento, portanto, se tornou uma demonstração do poder da cultura e da comunidade em capturar o coração do público.


O Incidente e a Hierarquia do Poder

Em meio à programação protocolar, um acontecimento chamou a atenção dos observadores e se tornou uma interrogação no cenário político local: o não registro da fala do presidente da Câmara, José Cleto. O texto da notícia aponta que ele estava com seu discurso em mãos, pronto para a fala institucional que lhe seria de direito, mas que lhe foi “tirado o direito de fala”. A ausência de uma justificativa oficial para o ocorrido torna o fato ainda mais enigmático, alimentando especulações sobre as dinâmicas de poder nos bastidores da prefeitura. Em um evento público e oficial, o silenciamento de uma figura de destaque como o presidente do legislativo é um gesto simbólico com implicações políticas evidentes.

O corte na fala do presidente da Câmara, em um evento de tamanha visibilidade, é um ato que levanta questões sobre a relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo na cidade. Tradicionalmente, o desfile de 7 de Setembro é um momento de união das instituições, onde as figuras de destaque de todos os poderes têm seu espaço para se manifestar. A supressão do discurso de José Cleto quebra essa tradição e sugere um conflito ou uma tensão que se manifestou publicamente. A falta de uma explicação oficial para o incidente apenas reforça a ideia de que o fato não foi um mero erro de protocolo, mas uma ação deliberada que ainda não teve sua motivação revelada.

O episódio, descrito como “curioso”, se contrapõe à suposta falta de impacto do discurso do prefeito. Enquanto a fala do Executivo passou “despercebida”, o silêncio imposto ao presidente da Câmara se tornou o verdadeiro foco de atenção política do evento. Esse contraste indica que, por vezes, a ausência de uma manifestação é mais eloquente do que a própria fala, e que o gesto de silenciamento pode ter uma repercussão maior do que qualquer discurso. A interrogação sobre o motivo do corte na fala de José Cleto é um lembrete de que, nos bastidores da política, as ações de poder são mais reveladoras do que as palavras ditas em público.


A Expressão Cultural e o Espírito da Celebração

A verdadeira alma do desfile de 7 de setembro em Alagoinhas reside na efervescência cultural e na dedicação das fanfarras e das escolas. O público, que não vibrou com o discurso político do prefeito, demonstrou uma euforia incontrolável com cada “performa-se” das bandas e grupos. A dedicação de “seis meses de treno” para o grande dia é um testemunho do compromisso das instituições de ensino e da comunidade em manter viva a tradição e a qualidade das apresentações. As fanfarras da CPM, da FANJUBA, do Brazilino Viegas, Escoteiro da Igreja adventista do último, da Objetiva Ramile, da Pastoral do Menor e, especialmente, a “tão esperada TRADICIONAL” foram os verdadeiros destaques do dia, levando o público ao delírio.

A emoção do público em cada apresentação demonstra que o civismo, em sua forma mais pura, está enraizado na cultura e na identidade da população. A forma como as escolas e as bandas de fanfarra transmitem sua mensagem através da música e da performance é uma linguagem que se conecta diretamente com o coração do povo, algo que a política, por vezes, não consegue alcançar. O desfile, nesse sentido, se torna um espaço de expressão cultural e de afirmação da identidade local, onde o patriotismo é celebrado de forma autêntica e vibrante.

Um ponto de destaque foi a homenagem da banda “TRADICIONAL” ao Bahia Esporte Clube, entoando o hino do time em comemoração ao título da Copa do Nordeste. Esse gesto, aparentemente simples, é um exemplo de como a cultura local se entrelaça com o espírito da celebração, unindo o patriotismo nacional a paixões e identidades regionais. A homenagem ao time de futebol é um lembrete de que o desfile de 7 de setembro não é um evento distante, mas algo que reflete a vida e as paixões do povo, reforçando a ideia de que a celebração da independência é, também, uma celebração da identidade local.