
O ministro Haddad sinaliza mais um corte de R$ dezenas de bilhões — a receita já sabe que, a cada semana, o governo faz a dança do contingenciamento. A população, porém, só sente o efeito colateral: obras paradas, hospitais lotados e creches sem verba para merenda. Tudo isso para manter as “metas fiscais sagradas”, enquanto antigos privilégios e renúncias fiscais continuam de pé.
Essa busca pela tal “serenidade” beira a ironia: cortar gastos com saúde e educação para manter intocado o que mais beneficia o rentista. E enquanto isso, debates sobre reforma tributária patinam em mesas de comissões, sem coragem de enfrentar abertamente os interesses mais poderosos. O contingenciamento não é remédio: é anestésico que adia a dor, mas não cura a doença.
No final, quem paga é o cidadão. O servidor na fila do SUS; o estudante sem laboratório; o idoso sem remédio. A essência da política fiscal deveria ser exatamente o oposto: devolver ao povo o que é dele por direito, e usar os recursos para melhorar a vida de todos — não para inflar reservas burocráticas que só asseguram conforto político a quem já está no poder. A próxima “surpresa” orçamentária está a caminho. E a gente que se vire para não sentir o gosto amargo dessa pílula.
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