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Hélio Liborio

Colômbia busca adesão ao BRICS: uma guinada geopolítica na América Latina

Em abril de 2024, o presidente colombiano Gustavo Petro solicitou formalmente a entrada da Colômbia no BRICS, sinalizando uma possível reconfiguração das alianças geopolíticas na América Latina.

A Colômbia, tradicionalmente alinhada aos Estados Unidos, surpreendeu a comunidade internacional ao manifestar interesse em ingressar no BRICS — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O pedido foi feito pelo presidente Gustavo Petro durante reunião com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em Bogotá, em abril de 2024 . Essa movimentação indica uma possível mudança na política externa colombiana e reflete as transformações no cenário geopolítico latino-americano.


O Significado do Pedido Colombiano

A solicitação de adesão ao BRICS representa uma inflexão na política externa da Colômbia, que historicamente manteve relações estreitas com os Estados Unidos. A aproximação com o BRICS sugere uma busca por maior autonomia e diversificação de parcerias internacionais.

Durante o encontro com Lula, Petro expressou o desejo de que a Colômbia se torne membro pleno do BRICS “o mais rápido possível” . O apoio brasileiro à candidatura colombiana reforça a intenção de fortalecer a integração regional e ampliar a influência do bloco na América Latina.

A entrada da Colômbia no BRICS poderia consolidar uma nova dinâmica geopolítica na região, marcada por uma maior cooperação entre países emergentes e uma redução da dependência em relação às potências tradicionais.


Motivações Econômicas e Estratégicas

A adesão ao BRICS oferece à Colômbia oportunidades econômicas significativas. O país poderia se beneficiar de investimentos em infraestrutura e acesso a linhas de crédito do Novo Banco de Desenvolvimento, instituição financeira do bloco .

Além disso, a participação no BRICS permitiria à Colômbia diversificar seus parceiros comerciais e fortalecer laços com economias emergentes de grande relevância global, como China e Índia. Essa estratégia pode contribuir para o crescimento econômico e a redução das desigualdades sociais no país.

Do ponto de vista estratégico, a integração ao BRICS alinha-se à visão de Petro de promover uma política externa mais independente e voltada para a cooperação Sul-Sul, em consonância com outros líderes latino-americanos que buscam maior autonomia frente às potências ocidentais.


Repercussões Regionais e Internacionais

A iniciativa colombiana gerou diversas reações na América Latina e no cenário internacional. Enquanto alguns países veem a movimentação como uma oportunidade para fortalecer a integração regional, outros observam com cautela as implicações dessa mudança de alinhamento.

Analistas destacam que a entrada da Colômbia no BRICS pode incentivar outros países latino-americanos a reconsiderarem suas alianças estratégicas e buscarem alternativas aos tradicionais parceiros ocidentais . Essa tendência pode levar a uma reconfiguração das relações internacionais na região.

Por outro lado, a aproximação da Colômbia com o BRICS pode gerar tensões com os Estados Unidos, que historicamente exerceram forte influência sobre o país. No entanto, o governo colombiano tem sinalizado a intenção de manter relações equilibradas com todas as potências, buscando uma política externa mais multilateral.


Desafios e Perspectivas Futuras

A adesão ao BRICS não está isenta de desafios. A Colômbia precisará obter o consenso dos atuais membros do bloco, o que pode envolver negociações complexas e exigências específicas.

Além disso, a integração ao BRICS requer ajustes na política econômica e externa colombiana, bem como o fortalecimento das instituições nacionais para lidar com as demandas e responsabilidades decorrentes da participação no grupo.

Apesar dos obstáculos, a iniciativa representa uma oportunidade para a Colômbia redefinir seu papel no cenário internacional e contribuir para a construção de uma ordem mundial mais multipolar e equitativa.