
No tabuleiro empoeirado da geopolítica mundial, onde cada peça vale uma vida e cada jogada é feita com sangue, Donald Trump reaparece como “mediador” de um suposto cessar-fogo entre Irã e Israel. Ex-presidente, ainda presidenciável, reaparece como quem tenta dizer ao mundo que a paz pode vir por meio de uma coletiva de imprensa. Sem mandato, sem chancela internacional, sem ONU, sem UE, sem nada — só com a própria língua e o próprio ego.
O Irã, mestre em retórica e teatro político, nega o acordo de manhã, cumpre à tarde e posta agradecimento à noite. Já Israel prefere o silêncio, talvez constrangido demais para validar um anúncio feito por alguém que sequer ocupa cadeira diplomática. E no meio dessa “diplomacia do Twitter”, os civis continuam sob sirenes, os hospitais lotados e as promessas de paz seguem sendo letra morta.
É triste, mas não surpreendente: mais uma vez, a política internacional se converte em espetáculo. Enquanto líderes disputam quem aparece mais no palco, a plateia grita por ajuda — e ninguém ouve. No Oriente Médio, cessar-fogo não tem sido mais do que um intervalo no massacre. E nesse jogo, quem sempre perde é o povo.
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