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Hélio Liborio

Censo: Ensino superior triplica, mas Brasil fica atrás da OCDE

Censo revela crescimento triplo no ensino superior, mas Brasil ainda abaixo da média OCDE.

O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE, revelou um crescimento expressivo no número de brasileiros com ensino superior nos últimos anos. Apesar do aumento significativo, o país ainda permanece atrás da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em termos de acesso e conclusão do ensino superior, indicando desafios persistentes para a ampliação e a qualidade da educação superior no Brasil. A análise dos dados demonstra uma realidade complexa, marcada por avanços importantes, mas também por lacunas que precisam ser enfrentadas para garantir a competitividade do país no cenário global.

Número de graduados quase triplica em duas décadas

O número de brasileiros com diploma de ensino superior quase triplicou nas últimas duas décadas. Em 2002, pouco mais de 8 milhões de pessoas possuíam um curso superior completo. Já em 2022, esse número saltou para mais de 22 milhões, representando um crescimento considerável e um importante avanço na trajetória educacional do país.

Esse crescimento reflete, em parte, o aumento do acesso à educação superior por meio de políticas públicas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (Fies). Essas iniciativas, embora com seus desafios e críticas, contribuíram para ampliar a oferta de vagas e o ingresso de estudantes de baixa renda em universidades públicas e privadas.

No entanto, a expansão quantitativa não garante, por si só, a melhoria da qualidade do ensino superior. Desafios como a precarização do trabalho docente, a falta de investimento em pesquisa e infraestrutura, e a desigualdade de acesso ainda persistem em diversas regiões do país, comprometendo a formação de profissionais qualificados e a competitividade do Brasil em áreas estratégicas.

Mas índice brasileiro ainda fica abaixo da média da OCDE

Apesar do significativo aumento no número de graduados, o Brasil ainda se encontra atrás da média da OCDE em relação à porcentagem da população com ensino superior completo. Países membros da organização demonstram taxas de escolarização superior significativamente maiores, refletindo investimentos consistentes e políticas públicas mais eficazes na promoção do acesso e da qualidade do ensino superior.

A diferença entre o índice brasileiro e a média da OCDE evidencia a necessidade de políticas públicas mais robustas e eficazes para garantir a universalização do acesso ao ensino superior. Isso inclui não apenas o aumento do número de vagas, mas também a melhoria da qualidade do ensino, a redução das desigualdades regionais e a promoção da inclusão social no sistema educacional.

Investir em educação de qualidade é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. Aumentar a taxa de conclusão do ensino superior no Brasil, aproximando-a da média da OCDE, requer um esforço contínuo e coordenado entre governo, instituições de ensino e sociedade civil, visando a construção de um sistema educacional mais justo, eficiente e inclusivo. Somente com este tipo de ação será possível garantir uma formação de profissionais qualificados para impulsionar o desenvolvimento nacional e a inserção competitiva do Brasil no cenário global.

O crescimento do número de graduados no Brasil nos últimos anos é um fato positivo e demonstra avanços na área da educação superior. Entretanto, a persistente diferença em relação à média da OCDE sinaliza a necessidade de contínuos esforços para garantir maior equidade e qualidade no ensino superior, assegurando o desenvolvimento do país em longo prazo.