Asfalto prometido, lama entregue: moradores denunciam abandono de obra pública em Alagoinhas

Moradores de Alagoinhas denunciam abandono de obras de pavimentação asfáltica. O que era para ser melhoria virou um lamaçal de promessas não cumpridas.

Alagoinhas voltou a ser palco de mais um episódio em que a realidade da rua não combina com o discurso da gestão. Em vez de asfalto, os moradores têm enfrentado lama, buracos e frustração. O que era para ser uma obra de mobilidade urbana se tornou mais uma cratera aberta na confiança pública. Os relatos são claros: prometeram pavimentação, mas entregaram abandono.

A denúncia partiu da própria comunidade, que, após meses aguardando a conclusão da obra, agora convive com o risco de acidentes, alagamentos e deterioração do acesso básico às residências. A frustração é ainda maior porque a promessa não é nova: é mais uma herança do grupo político que governa a cidade há mais de oito anos — com o atual prefeito Gustavo Carmo ocupando antes a Secretaria de Infraestrutura na gestão de Joaquim Neto.

Diante disso, a indignação cresce: seria mais um ciclo de propaganda sem entrega? Fica evidente que o que se asfaltou, na verdade, foi o caminho da descrença.


A obra que não chegou ao fim

O projeto de pavimentação asfáltica foi anunciado com pompa, imagens nas redes sociais, declarações otimistas e expectativa elevada entre os moradores. A promessa incluía melhoria de tráfego, valorização das casas e mais dignidade para as famílias que há décadas convivem com a poeira e o barro.

No entanto, o que se viu nos últimos meses foi o contrário: máquinas sumiram, operários desapareceram e as placas da obra permanecem como lembrete mudo do que poderia ter sido. No lugar do asfalto, formaram-se verdadeiros campos de lama, agravados pelas chuvas e pela ausência de escoamento adequado.

A comunidade relata não apenas o desconforto, mas os perigos concretos: crianças escorregando, veículos atolando, ambulâncias com dificuldade de acesso. Quando a promessa vira buraco, o discurso afunda na lama da indignação popular.


A reincidência política

O atual prefeito Gustavo Carmo, ex-secretário de infraestrutura da gestão anterior, conhece de perto as demandas das ruas — ou, ao menos, deveria. Este não é um caso isolado: é parte de um modelo político que repete fórmulas de marketing e esquece do básico — concluir o que se começa.

O histórico da gestão, compartilhado por Carmo e Joaquim Neto, inclui anúncios de pavimentações, projetos de mobilidade e melhorias estruturais que, em muitas ocasiões, pararam no meio do caminho. Em bairros periféricos, isso é quase regra: inicia-se uma obra antes da eleição, tira-se foto, posta-se a legenda, e o resto fica por conta da boa vontade divina ou da próxima promessa.

Ao manter a mesma equipe técnica e o mesmo discurso, a atual gestão reproduz os erros do passado com a serenidade de quem confia na memória curta do eleitorado. Mas o barro nos sapatos tem lembrado a todos que promessa não é pavimento — e asfalto que não chega vira lama na narrativa política.


A indignação da comunidade

Os moradores não economizam nas críticas. Vídeos circulam nas redes sociais mostrando a situação calamitosa das ruas, com moradores desabafando diante da ausência de resposta da prefeitura. Alguns relatam ter recorrido ao próprio bolso para tentar amenizar os danos nas vias.

Além dos prejuízos materiais, há o sentimento de abandono. A população sente-se usada como figurante em enredos eleitoreiros, onde só se é lembrado nas vésperas de campanha. Quando a poeira baixa, quem fica é o povo — soterrado na lama do descaso.

O que se espera de uma gestão pública, sobretudo em áreas essenciais como infraestrutura, é planejamento, cronograma e respeito. E não um festival de “vai começar” que termina em “foi esquecido”.


O silêncio da prefeitura

Até o momento, a gestão municipal não se pronunciou com clareza sobre o abandono da obra. Há promessas de retomada, mas sem datas, sem justificativas técnicas convincentes e sem garantias. A sensação de improviso domina a comunicação institucional.

É justamente essa falta de clareza que aprofunda a crise de confiança. Os moradores já não acreditam em reuniões, visitas técnicas ou publicações em redes sociais. Querem máquinas, querem operários, querem ver o chão se transformar de barro em asfalto.

Enquanto isso, os dias passam, a lama se acumula, e a gestão caminha no terreno escorregadio da descrença. A cada nova promessa não cumprida, o fosso entre o governo e a população aumenta.


A cidade que escorrega nas próprias promessas

Alagoinhas não quer mais discursos de inaugurações eternamente adiadas. Quer o básico, o concreto, o asfalto de verdade — não asfalto de rede social. Enquanto se discute o futuro, o presente afunda. E não se afunda por causa da chuva, mas por falta de gestão. A cidade precisa parar de tropeçar nas palavras e começar a caminhar com obras que respeitem quem mora nas ruas, e não apenas quem circula nos gabinetes.