A Prefeitura de Alagoinhas, por meio da Secretaria de Turismo (Setur), divulgou o cronograma e a estrutura do Bahia Beer 2025 — festival que traz gastronomia, shows e, claro, cerveja à vontade. O evento, marcado para julho, integra o calendário nacional de festas juninas e cervejeiras, prometendo atrair turistas e movimentar a economia local. Mas, para parte da população, a ênfase em celebrações festivas serve também como cortina de fumaça para a ausência de ações concretas em saúde, educação e infraestrutura.
Estrutura e Atrações do Bahia Beer 2025
O festival acontece nos dias 18, 19 e 20 de julho, na área anexa à Praça da Bandeira, com cinco palcos, praça de alimentação, estandes de cervejarias artesanais e shows nacionais. A Setur informou que investiu em palco principal com capacidade para 10 mil pessoas, iluminação de LED e sistema de som de última geração.
A programação inclui nomes como Saulo Fernandes, Bell Marques e a banda local Xique Chic, além de DJs regionais no “After Beer”. A meta é receber 50 mil visitantes ao longo do fim de semana. Em parceria com o trade turístico, a prefeitura fechou cotas especiais em hotéis de Alagoinhas e Catu, e rodada de negócios com bares e restaurantes interessados em ingressos VIP.
Segundo o secretário de Turismo, Maria Fernanda Castro, o evento “consolida Alagoinhas no calendário nacional de festas juninas e cervejeiras” e “gera emprego temporário para mais de 300 trabalhadores na montagem e operação da festa”.
Apoio da Setur e Calendário Nacional
A Secretaria de Turismo da Bahia (Setur) incluiu o Bahia Beer 2025 em seu catálogo oficial, destacando o festival em feiras como a Braztoa e a Festuris Gramado. Isso garantiu apoio logístico: impressão de material de divulgação, inserções em guias de viagem e ações de promoção nas redes sociais do órgão estadual.
Para a prefeitura, a chancela da Setur agrega prestígio, mas não acarreta repasses diretos de verba — cabe ao município arcar com toda a infraestrutura. Os custos com parede de led, banheiros químicos e segurança privada foram contratados por dispensa de licitação, somando R$ 1,2 milhão.
Empresários locais comemoram o impacto turístico, mas questionam a origem dos recursos: “Cada meio-fio pintado custa mais que o saco de tinta comprado pelo ano todo”, ironiza o presidente do Sindicato do Comercio Varejista.
A festa como ferramenta política
Críticos afirmam que a sucessão de festas de grande porte visa anestesiar o eleitorado, desviando a atenção de questões essenciais — merenda escolar atrasada, postos de saúde com filas e obras de saneamento paradas. A cada esquina decorada e cada trio elétrico montado, “alagoenheses” irem lembrar menos das promessas quebradas.
O prefeito, apelidado de “Rei das Propagandas”, já antecipou o tema do São João 2026 e pediu que munícipes “anotem no calendário” a próxima micareta, ainda sem data. Segundo analistas locais, trata-se de campanha antecipada: festas que custam caro e oferecem visibilidade garantida nas redes.
Em 2024, evento semelhante teve custo de R$ 2,5 milhões e gerou apenas R$ 1,8 milhão em receita de barracas e ingressos. O déficit foi coberto por redução de investimentos em recapeamento de ruas e adiamento de compras de merenda.
Reações da população e dos vereadores
Nas redes sociais, moradores reagem com memes e críticas: “Quanto vale um santo padroeiro sem calçada?”, questionam em post viral. Em grupos de WhatsApp, professores e motoristas de ônibus trocam relatos de atrasos salariais que coincidem com despesas de festa.
Na Câmara Municipal, oposição apresentou requerimento de informações sobre os contratos de aluguel de palco e serviços de buffet. Os vereadores governistas rebateram: “Não somos contra a cultura”, mas prometeram audiência pública para discutir patrocínios privados e parcerias que possam aliviar a conta do erário.
Um grupo de servidores protocolou denúncia no Ministério Público, alegando improbidade administrativa em dispensa de licitação. O MP aguarda manifestação da prefeitura.
Alagoinhas investe forte em festas que movimentam a cidade e atraem turistas, mas pende o desafio de equilibrar celebração e gestão responsável. Enquanto os palcos brilham e a cerveja flui, resta à comunidade decifrar se as promessas serão renovadas no próximo mandato ou se o ciclo de festas morrerá no vazio de obras por realizar.