Festa, Palco e Pirotecnia: A Nova Estratégia de Gestão
Em Alagoinhas, a política virou espetáculo. O que deveria ser agenda pública virou cronograma de palco. As estruturas de som, iluminação e shows passaram a integrar o modelo de “governança estética”, onde reentregas são celebradas como se fossem inaugurações e festas juninas ganham mais destaque que escolas e postos de saúde.
O Bahia Beer Festival é apenas o ápice de um calendário robusto de eventos, que inclui o São João e as requalificações comemoradas com fogos e trios elétricos. Enquanto isso, bairros como o Barreiro — o maior da cidade e também seu maior colégio eleitoral — convivem com asfaltos remendados, promessas recicladas e uma praça reformada pela metade, entregue com muito forró e pouca estrutura.
Falta um Projeto de Cidade: A Continuidade que Não Existe
Uma das críticas mais recorrentes à atual gestão é a ausência de um plano de continuidade. Cada obra é anunciada como se fosse fruto da genialidade do gestor de plantão, desconsiderando projetos anteriores e sem conexão com metas estruturais.
O Barreiro é um exemplo simbólico: apesar de ser palco de diversas promessas e reentregas, ainda carece de políticas públicas consistentes, como a construção de equipamentos permanentes (UPA, biblioteca, ginásio, etc.) que a comunidade há anos reivindica.
Eventos passam, músicas acabam, mas os buracos nas ruas continuam. E a ausência de continuidade transforma a cidade em um eterno recomeço, sempre embalado por uma sanfona.
Governador e Prefeito: Aliança de Palanque, Ausência de Obras
O governador da Bahia, aliado direto do atual prefeito de Alagoinhas, é outro personagem dessa dramaturgia política. Sua presença na cidade resume-se a passagens rápidas, promessas vistosas e, até aqui, nenhuma entrega real de porte.
Enquanto o prefeito repete promessas com microfone na mão, o governador repete viagens com câmera na frente. Nenhuma UPA, nenhuma escola de tempo integral, nenhuma requalificação significativa que parta de uma articulação estadual com o município. A aliança, embora política, tem sido absolutamente improdutiva para os alagoinhenses.
A Política do Microfone: Comunicação em Alta, Resultados em Baixa
A propaganda da gestão municipal transforma qualquer serviço básico em espetáculo. Reformas mínimas são anunciadas como grandes conquistas. A praça que já existia vira “nova praça”. A lâmpada trocada vira “avanço na iluminação pública”. Um matagal roçado se transforma, nas redes sociais da prefeitura, em “projeto paisagístico”.
Essa comunicação exagerada mascara a ausência de políticas públicas sólidas. E o mais grave: anestesia parte da população, que passa a confundir festa com progresso, trio elétrico com transporte público, palco com participação cidadã.