Existe um cinismo intrínseco na estratégia da cortina de fumaça que ofende a inteligência cívica. O uso da polarização como tática de desvio de foco não é apenas um mecanismo de poder, mas uma confissão de que as pautas mais importantes não resistiriam ao escrutínio público se fossem debatidas abertamente. O que se observa é uma deliberada escolha por trocar a discussão sobre o futuro do País — a reforma agrária, a infraestrutura e a ciência — pela discussão sobre o passado ou sobre as personalidades políticas do momento.
Essa obsessão pelo “nome” é, na verdade, uma tática de esvaziamento do debate. Enquanto o eleitor médio gasta sua energia na defesa intransigente de sua bandeira ideológica, a máquina legislativa segue operando em favor de interesses específicos, longe dos holofotes e do contraditório. O verdadeiro perigo não reside nos extremos em si, mas na aceitação passiva de que esses extremos são a única forma de política possível. Essa é a verdadeira “maldade proliferada” mencionada no texto: a crença de que a disputa pessoal é mais importante que o bem comum.
É imperativo que a sociedade exija mais do que o espetáculo. Exigir um plano de educação, um projeto de desenvolvimento industrial e uma visão de longo prazo para as estatais é a única forma de desativar a fábrica de cortina de fumaça. O futuro de um Brasil, de uma Bahia e de um Município não será construído por nomes, mas pela capacidade da sociedade de se recusar a ser distraída, focando a sua atenção no que é substantivo: os projetos que garantem a legalidade, o conhecimento e a prosperidade para a sua gente.
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O Brasil se encontra em um momento crucial, onde a vigilância intelectual e a exigência de conteúdo programático são as únicas ferramentas capazes de desativar a cortina de fumaça da polarização. A atenção deve ser redirecionada do presente duvidoso para o futuro promissor, baseado em políticas públicas sérias e bem fundamentadas.
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