O que sugere esta ação imoral, ilegal, injusta, perversa e que desconstrói todo o marketing público que visa garantir ao ciclista sua via livre, segura e distante do perigo dos carros? O que está por trás de uma “iluminação” que, até para um leigo, salta aos olhos como irregular desde sua implantação, sobretudo pela ausência de qualquer comunicação oficial clara e transparente?
A pergunta talvez não seja “por que os postes estão ali?”, mas sim: a quem interessa esse tipo de serviço prestado? E mais: será que estamos diante de mais um acordo de bastidor, onde os “outrora” da política se evidenciam sob a desculpa da prestação de serviços?
A indignação tomou conta das redes sociais. Muitos moradores relatam que o único acerto visível da tão propagandeada obra de duplicação da antiga Avenida Paulo Afonso – agora pomposamente rebatizada de Avenida Murilo Cavalcanti – era justamente a implantação das ciclovias. Um fio de esperança para a mobilidade urbana alternativa. Mas até isso parece estar sendo soterrado pelo velho hábito do improviso e da desatenção ao planejamento urbano.
Agora, com postes cravados no meio da ciclovia, ciclistas voltam a disputar espaço com carros, retrocedendo em segurança, em cidadania e em direito à cidade. E não bastasse o absurdo em termos de mobilidade, o risco de acidentes se multiplica, enquanto o silêncio oficial ecoa.
Obras de infraestrutura deveriam nascer para resolver problemas, não para criá-los. Deveriam oferecer soluções de mobilidade, não obstáculos. Mas o que se vê na duplicação da Murilo Cavalcanti é exatamente o contrário: um festival de equívocos, erros técnicos e desrespeito social.
A instalação dos postes sobre a ciclovia é a cereja do bolo de uma lambança administrativa que, ao que tudo indica, jamais teve como prioridade o bem-estar coletivo. Entre o concreto e o descaso, sobra ao povo mais um pitaco: o de que Alagoinhas precisa urgentemente iluminar a política, não apenas suas avenidas.
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