
Os 172 anos de Alagoinhas são, indiscutivelmente, um motivo para celebrar a tenacidade e a riqueza de uma cidade forjada pela labuta e pelo espírito empreendedor de seu povo. A “terra da laranja, do fumo, do café”, que floresceu para abrigar cervejarias e fábricas de refrigerantes, e cujo comércio pulsa com vitalidade, é um testemunho da capacidade de superação e adaptação de sua gente. O DNA de uma cidade “aguerrida politicamente”, com um povo “bom, solidário, inteligente”, é o alicerce de sua resiliência. Contudo, em meio a essa legítima exaltação, impõe-se a necessidade de uma reflexão mais detida sobre os abismos que por vezes separam o potencial manifesto da concretização de um futuro à altura de suas aspirações.
É paradoxal que uma cidade com tamanha pujança histórica e econômica, um hub de órgãos estaduais e federais, e uma geografia urbana que claramente aponta para a “cidade grande de um futuro próximo”, pareça agonizar na ausência de uma visão política que a contemple em sua real magnitude. A “diversidade arquitetônica” que se manifesta sem um planejamento urbano coeso é um sintoma visível de que o crescimento, por vezes, carece de uma bússola que o oriente para um desenvolvimento harmônico e sustentável. O anseio por um “novo polo industrial” e por uma “transformação moderna na sua geografia” não é um capricho, mas uma necessidade premente que, se não for atendida com a devida proatividade, pode condenar a cidade a um crescimento desordenado e a uma perda de oportunidades valiosas.
O povo alagoinhense, em sua notável inteligência e solidariedade, espera por um “173 anos livre de amarras colonizadoras”. Esta expressão, embora poética, carrega consigo um clamor por uma gestão que transcenda interesses efêmeros e que se dedique, com afinco, ao benefício do coletivo, e não apenas a “dividendos peculiares e de prole familiar”. O futuro de Alagoinhas não pode ser um “faz de conta” em que o potencial latente da cidade se perde em estratégias míopes ou na inação. O feliz aniversário, portanto, é um convite – ou um alerta – para que se reconheça a grandiosidade da cidade e a urgência de agir com a visão e a coragem necessárias para libertar Alagoinhas de qualquer amarra que a impeça de se tornar a metrópole próspera e justa que seus munícipes merecem. Que a celebração dos 172 anos seja o catalisador para um renascimento da ambição construtiva e de um compromisso inabalável com o porvir.
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A Urgência da Visão e do Planejamento para o Porvir
A celebração dos 172 anos de Alagoinhas, embora recheada de louvores à sua rica história e ao dinamismo de seu povo, serve também como um momento propício para uma introspecção crítica sobre os caminhos que se abrem. A cidade, com sua vocação inegável para ser um polo industrial e comercial de destaque, precisa agora de um direcionamento estratégico que traduza todo esse potencial em realidade. O anseio por uma “transformação moderna em sua geografia” exige mais do que boas intenções; demanda um planejamento robusto, com projetos de longo prazo que considerem não apenas o crescimento econômico, mas também a qualidade de vida de seus habitantes.
O futuro de Alagoinhas depende, em grande medida, da capacidade de seus líderes em enxergar a cidade não apenas como ela é hoje, mas como ela pode ser. Uma visão audaciosa, que contemple a expansão industrial de forma sustentável, a melhoria da infraestrutura urbana e a valorização de seu patrimônio, é fundamental para que o desenvolvimento seja abrangente e inclusivo. A “diversidade arquitetônica” que hoje “agoniza” por falta de representatividade que a pense como uma “cidade grande” precisa ser integrada em um projeto urbano que resgate a beleza e a funcionalidade dos espaços.
Este aniversário é um convite para que Alagoinhas, a “terra da água boa” e de um “povo bom, solidário, inteligente”, reafirme seu compromisso com um porvir promissor. Que os próximos anos sejam marcados por um novo ciclo de progresso, onde a grandeza da cidade seja reflexo de uma gestão comprometida com o bem-estar de seus quase 200 mil munícipes, e que cada ação contribua para que Alagoinhas brilhe como um verdadeiro estaleiro de oportunidades e um modelo de desenvolvimento para toda a Bahia.
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