Hélio Liborio
Hélio Liborio

Elite levanta a taça na 3ª Copa Inovação do Mangalô e futebol feminino de Alagoinhas mostra sua força

A final da terceira edição da Copa Inovação do Mangalô consagrou o Elite como campeã e destacou a crescente valorização do futebol feminino na região.

O futebol feminino de Alagoinhas ganhou um novo capítulo neste domingo, 4 de maio, com a decisão da 3ª Copa Inovação do Mangalô. Em campo, Elite e Xurupita disputaram cada centímetro do campo sob os olhares atentos da torcida e da comunidade esportiva. Além do título conquistado pelo Elite, a final simbolizou muito mais: um avanço real e promissor na consolidação do futebol praticado por mulheres em Alagoinhas e região.

A grande final: luta, técnica e emoção

O jogo entre Elite e Xurupita foi digno de uma final de campeonato. As duas equipes, ambas de Alagoinhas, imprimiram um ritmo intenso desde o apito inicial, com demonstrações claras de técnica, disciplina tática e fôlego emocional. O Elite foi mais feliz nas finalizações, abrindo o placar e ampliando a vantagem antes de sofrer o gol que reacendeu o espírito competitivo do Xurupita.

Ainda que pressionadas, as atletas do Elite mantiveram a postura ofensiva, buscando o terceiro gol com a mesma garra com que iniciaram a partida. Do outro lado, o Xurupita não se intimidou. Demonstrou organização e entrega, lutando até o último minuto. O nível da partida impressionou quem acompanhava.

Mais do que uma disputa por troféus, o jogo escancarou o potencial técnico e humano das jogadoras de Alagoinhas. A presença massiva de torcedores e a vibração na lateral do campo confirmam que há demanda e paixão pelo futebol feminino. A cidade assistiu, enfim, a um verdadeiro clássico local.

Organização e reconhecimento público

Responsável pela organização do evento, o conhecido Cabeça destacou a repercussão positiva da Copa. Segundo ele, a procura por participação de times de outras cidades é tamanha que seu celular não para. Esse movimento demonstra não apenas a força do campeonato, mas também a carência de torneios com estrutura, respeito e visibilidade para as mulheres.

Cabeça ressaltou também a importância de se pensar em uma seleção com as melhores atletas da competição. Uma iniciativa que pode ampliar ainda mais as oportunidades para essas mulheres, possibilitando que talentos locais ganhem vitrine em competições maiores, estaduais e nacionais. A ideia não é apenas esportiva: é de inserção social e de justiça histórica.

A presença do vereador Thor de Ninha, autor da emenda que ajudou a viabilizar o evento, foi destacada. Em sua fala, prometeu que no próximo ano as mulheres terão paridade nos valores das premiações em relação ao masculino. Uma promessa que precisa ser acompanhada de perto pela sociedade civil, para que o discurso se converta em prática efetiva.

Mais que um torneio: um reflexo social

A realização da Copa Inovação não é apenas um evento esportivo. É um reflexo do anseio de muitas mulheres em ocuparem o espaço que sempre lhes foi negado. É também um ato político, no melhor sentido do termo, que revela que a organização de base é capaz de provocar transformações concretas na realidade local.

O futebol feminino sempre existiu, mas foi historicamente marginalizado. Quando uma competição como essa consegue três edições consecutivas, com apoio da comunidade, de mandatos legislativos e de líderes locais, é sinal de maturidade e vontade coletiva. É a população dizendo que valoriza o esporte praticado por mulheres.

Além disso, o evento se torna um palco de descobertas. Muitas meninas estão vendo essas jogadoras como referências, inspirando-se a também calçar chuteiras e ocupar campos antes tão masculinizados. Isso muda narrativas, muda sonhos, muda vidas. Alagoinhas está diante de uma oportunidade de ouro.

O papel do poder público e da iniciativa privada

É fundamental destacar que eventos como a Copa Inovação não sobrevivem apenas da paixão popular. O apoio institucional, financeiro e logístico é imprescindível. A emenda parlamentar de Thor de Ninha é um exemplo positivo, mas insuficiente se não houver continuidade e compromisso dos diversos setores da administração municipal.

O esporte precisa de mais do que promessas. Precisa de infraestrutura permanente, de investimento na formação de base, de materiais, de arbitragem qualificada, de transporte e de alimentação para atletas que, muitas vezes, dividem o tempo entre trabalho, casa e o sonho de jogar bola. A Prefeitura de Alagoinhas deve se comprometer com uma política pública de incentivo ao esporte feminino. Além disso, o empresariado local também pode e deve se envolver. Patrocinar uma equipe ou um torneio é investir na cidade, é criar ambientes de visibilidade e pertencimento. Não se trata de filantropia, mas de responsabilidade social com retorno concreto.

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