Hélio Liborio
Hélio Liborio

BRICS Condenam Tarifas Protecionistas e Reivindicam Reforma da ONU em Reunião no Rio de Janeiro

Ministros das Relações Exteriores do BRICS expressaram preocupação com medidas protecionistas unilaterais e defenderam a reforma das instituições multilaterais, incluindo a ONU, durante encontro realizado no Brasil

Em meio a crescentes tensões comerciais globais, os ministros das Relações Exteriores dos países membros do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — reuniram-se no Rio de Janeiro para discutir estratégias conjuntas frente ao aumento de tarifas protecionistas e à necessidade de reformar instituições multilaterais. O encontro, que também contou com a participação de nações recentemente integradas ao grupo, como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, destacou a preocupação coletiva com a fragmentação da economia global e a erosão do multilateralismo.


Críticas às Tarifas Protecionistas

Durante a reunião, os ministros manifestaram “séria preocupação com a perspectiva de uma economia global fragmentada e o enfraquecimento do multilateralismo”, conforme declaração emitida pelo Brasil, país anfitrião do encontro. Embora não tenham mencionado explicitamente os Estados Unidos, as críticas foram direcionadas a políticas comerciais unilaterais que contrariam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).  

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, enfatizou que houve consenso entre os países do BRICS na condenação de medidas protecionistas unilaterais, como o aumento indiscriminado de tarifas e barreiras não tarifárias. Essas práticas são vistas como ameaças às cadeias de suprimento globais e à estabilidade econômica internacional.​

A ausência de uma declaração conjunta final foi atribuída a divergências internas, mas os participantes expressaram a intenção de elaborar um comunicado unificado na próxima cúpula do BRICS, prevista para julho, também no Rio de Janeiro. ​


Defesa do Multilateralismo e Reforma da ONU

Além das questões comerciais, os ministros discutiram a necessidade de reformar instituições multilaterais, com destaque para a Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo é tornar essas organizações mais representativas e eficazes diante dos desafios contemporâneos.​

O grupo reiterou seu compromisso com o multilateralismo e a cooperação internacional, defendendo a importância de uma ordem mundial baseada em regras e no respeito ao direito internacional. A reforma da ONU é vista como essencial para refletir as realidades geopolíticas atuais e garantir uma governança global mais equitativa.​

Os BRICS também abordaram questões geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e em Gaza, apelando por soluções pacíficas e diplomáticas. A posição do grupo é de que o diálogo e a negociação são fundamentais para a resolução de disputas internacionais


Expansão do BRICS e Desafios Internos

A recente ampliação do BRICS, que agora inclui países como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, reflete o crescente interesse de nações emergentes em fortalecer a cooperação Sul-Sul. Com essa expansão, o grupo representa cerca de 40% da população mundial e 37% do PIB global.  

No entanto, a diversidade de interesses e prioridades entre os membros apresenta desafios para a formulação de políticas unificadas. As diferenças internas dificultaram a elaboração de uma declaração conjunta na reunião do Rio de Janeiro, evidenciando a complexidade de alcançar consensos em um grupo tão heterogêneo.​ Apesar disso, os países do BRICS demonstraram disposição para continuar trabalhando juntos em áreas de interesse comum, como comércio, desenvolvimento sustentável e reforma das instituições multilaterais. A próxima cúpula, em julho, será uma oportunidade para avançar nessas discussões e fortalecer a coesão do grupo

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