Hélio Liborio
Hélio Liborio

Pitaco

Desenvolvimento urbano sem gestão pública é sonho de papel

Português

A realização da 6ª Conferência Municipal das Cidades em Alagoinhas é um gesto simbólico importante, mas não pode ser tratada como marco absoluto de progresso. Afinal, quais são os critérios de urbanidade que sustentam esse discurso? Que tipo de cidade se propõe planejar, se nas bordas da cidade ainda falta esgoto, água, pavimentação e dignidade?
Ao passo que se discutem conceitos sofisticados como transformação digital e emergências climáticas, o cotidiano do cidadão alagoinhense grita por socorro mais básico: ônibus que passem com frequência, ruas iluminadas, escolas que funcionem, praças limpas e saúde acessível. Parece simples, mas a ausência do Estado se faz presente até nas coisas mais elementares.
É preciso que os atores políticos parem de maquiar discursos com palavras da moda e enfrentem, com honestidade, os problemas estruturais da cidade. Não se constrói cidade justa com marketing institucional. Sustentabilidade exige enraizamento social, compromisso com a base e enfrentamento das desigualdades que ainda moldam o traçado urbano de Alagoinhas.
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A 6ª Conferência Municipal das Cidades representou um marco na retomada do diálogo entre o poder público e a sociedade civil em Alagoinhas. A diversidade de participantes e a riqueza dos debates demonstram o potencial transformador da participação cidadã na construção de políticas públicas urbanas. No entanto, é preciso reconhecer que a sustentabilidade só será real quando o básico for resolvido. Enquanto faltar água, esgoto, emprego e transporte, qualquer plano urbano será apenas um projeto de cidade imaginada — e não vivida.

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