
A terceira edição do Campeonato Feminino, sediado no tradicional campo de bola do bairro do Mangalô, vem mostrando que o futebol das mulheres é mais do que jogo — é resistência, paixão e talento em estado puro. A competição é idealizada e organizada por Anderson Batista, o popular “Cabeça”, com o apoio do vereador Thor de Ninha, e cresce a cada rodada, tanto em público quanto em prestígio.
Mas o que mais chama atenção, além da bola bem tratada nos pés dessas atletas, é a disposição de cada uma em deixar para trás a rotina pesada do dia a dia — muitas são trabalhadoras com carteira assinada, donas de casa, estudantes, microempreendedoras e até empresárias. Mulheres que, mesmo diante de tantos compromissos, “largam tudo” para correr atrás dela: a bola. Essa mesma bola que há muito tempo deixou de ser exclusividade dos homens e, agora, é também a ferramenta de sonho de muitas dessas guerreiras de chuteira.
Mesmo com o sol castigando e os horários de jogo em plena manhã e início de tarde, elas seguem firmes, com garra e amor ao esporte. E não é pouca coisa: são oito equipes em campo, sendo três de Alagoinhas — Xurupita, Elite e Arsenal — e cinco vindas de fora: As Minas de Aporá, Estrela do Campo (Pojuca), Solares (Araçás), Wacanda (Araçás) e UFC (Cardeal da Silva). Uma diversidade que prova que o campeonato ultrapassou as fronteiras do bairro e já é regional.
Segundo Anderson, o número de cidades interessadas em participar é ainda maior, mas a falta de estrutura o impede de expandir. “Tive que dizer não a outras equipes porque ainda não temos como receber todas. Falta apoio, falta recurso”, afirmou ao Linhas de Fato.
Enquanto isso, a bola segue rolando aos domingos, sempre a partir das 10h, no Campo do Mangalô — hoje, um verdadeiro palco da força e do talento feminino no futebol. Neste domingo, 13 de abril, a rodada será quente:
10h: UFC (Cardeal) x Elite
11h30: As Minas (Aporá) x Wacanda (Araçás)
13h: Estrelas do Campo (Pojuca) x Solares (Araçás)
14h20: Arsenal x Xurupita — partida que promete ser uma briga direta pela liderança isolada.
Com jogadas envolventes, disputas acirradas e muito talento em campo, a competição merece não só aplausos, mas também investimento.
E aqui vai o pitaco com leitura crítica aos desportistas, olheiros e, principalmente, à gestão pública municipal: o que está faltando para enxergar que ali, no chão batido do Mangalô, existe um celeiro de talentos? Onde estão os olhos que se dizem atentos ao esporte de base? Será que ainda se espera que o talento feminino precise “pedir licença” para ser notado?
O futebol feminino segue pedindo passagem — não por favor, mas por mérito. E enquanto a prefeitura e os patrocinadores não olham com o devido respeito, o que se vê são meninas brilhando sem estrutura, correndo sem apoio, sonhando sem segurança. E mesmo assim, encantando.
Fica o convite aos olheiros: se quiserem ver o futuro do futebol feminino, estejam no Mangalô. Aos domingos, todos os caminhos levam para lá. Basta querer enxergar
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